O caso da palestra de Jaime Nogueira Pinto censurada numa universidade pública portuguesa é bem revelador do caráter totalitário da esquerda e da extrema-esquerda em Portugal. Não só querem impor um pensamento único sobre todas as matérias como ameaçam e censuram quem pensa de forma diferente. A exemplo do que acontece com o islão e os abusos muçulmanos na Europa e nos Estados Unidos, só levam a sua avante porque há sempre cobardes nos lugares de decisão, sejam políticos, polícias ou académicos. E porque há sempre uma comunicação social muito simpática para os totalitarismos de esquerda.
No caso da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, o diretor, um tal dr. Caramelo, cedeu às ameaças e negou a um grupo de jovens um espaço para a realização do debate. Sim, é uma vergonha. Sim, é bonito ver o Presidente da República ficar perplexo com a situação e pedir explicações a uma universidade pública que deve ser sempre um lugar de debate e tolerância. Sim, é bonito que a Associação 25 de Abril tenha cedido as suas instalações para a realização do debate. Tudo isto é muito bonito, mas o problema de fundo não se resolve com este tipo de gestos.
A questão principal é que a esquerda e a extrema-esquerda querem dominar o pensamento e impor as suas ideias à sociedade sem qualquer contraditório. E se não for a bem, com a comunicação social a usar o lápis azul para afastar do grande público quem não segue os dogmas da esquerda, vai a mal, com ameaças, arruaças e violência.
A cartilha da esquerda e extrema-esquerda não é nova em Portugal e no mundo. Francisco Louçã, agora respeitável membro do conselho consultivo do Banco de Portugal, organizou, enquanto líder da LCI e depois do Bloco de Esquerda, manifestações contra a realização em Portugal de reuniões de partidos de extrema–direita, numa clara violação da liberdade de reunião e da liberdade de expressão que caracterizam uma sociedade democrática e um Estado de direito.
E se em Portugal se censuram debates e se atacam pessoas por pensarem de forma diferente, em Espanha, os jornalistas espanhóis que escrevem sobre o Podemos queixam-se de bullying por parte de pessoas próximas do líder, Pablo Iglesias, e falam tanto de mensagens de texto como de conversas cara a cara que consideram ser intimidatórias. Segundo o insuspeito socialista “El País”, há mensagens de texto onde políticos do Podemos chamam “parvo” a jornalistas, umas onde lhes escrevem ameaças como “se escreves isso vou destruir-te” e também outras onde dizem coisas como “não se pode tirar algo de um sítio onde não há nada” — uma expressão idiomática usada para falar de alguém pouco inteligente. Algumas mensagens chegam a ter emoticons com o desenho de uma pistola.
Nos EUA, logo após a eleição de Donald Trump, uma conferência que contaria com a presença de Milo Yiannopoulos, editor do site Breitbart News, que apela a ideais da extrema-direita, foi boicotada por centenas de alunos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, com cenas de violência, episódios de vandalismo e pelo menos um incêndio.
Há uma semana, em várias manifestações de apoio a Donald Trump em diversas cidades norte-americanas, houve cenas de violência quando contramanifestantes democratas e anti-Trump atacaram de forma violenta essas concentrações. Em França, uma visita de Marine Le Pen a Nantes foi marcada por cenas de grande violência. Os manifestantes de esquerda e extrema-esquerda queimaram pneus em estradas e autoestradas de acesso ao local e atacaram alguns dos autocarros que transportavam simpatizantes da candidata presidencial.
Para a esquerda e extrema-esquerda, a democracia é meramente instrumental para chegarem ao poder e fazerem as lavagens ao cérebro necessárias e suficientes para os cidadãos aceitarem como normais e corretas as suas ideias e propostas fundamentalistas sobre o Estado, a economia e a sociedade.
O politicamente correto dos dias de hoje tem a marca dessas forças, que o conseguiram impor a outras forças democráticas da direita, da esquerda e do centro. Para a esquerda e a extrema-esquerda, a liberdade é um mal que se deve suportar com limites. A liberdade para quem não pensa como eles tem de ser vigiada, censurada e, sempre que necessário, abolida de forma violenta.
E mesmo as eleições democráticas estão em perigo com esta gentinha. Muitas vozes progressistas e liberais admitem pôr em causa eleições e referendos sempre que os resultados não os satisfaçam. Aconteceu assim no Brexit, com pedidos de repetição do referendo e mesmo de anulação da vontade do povo. Está todos os dias a acontecer nos EUA, com muitos democratas e liberais a sonharem com o regresso ao passado, a porem em causa o sistema eleitoral e a lançarem campanhas ridículas e desesperadas contra o presidente legítimo do país.
A vontade do povo começa a ser um problema para esta gentinha que se julga a vanguarda desse mesmo povo. E quando o povo os manda bardamerda, ficam furiosos, o verniz estala e surge finalmente a sua verdadeira natureza. Os herdeiros de Estaline são mesmo avessos à liberdade. A todas as liberdades e, cada vez mais, ao voto livre e democrático. É uma gentinha que é preciso combater. Não nas ruas. Mas nas urnas, onde lhes dói mais.
Jornalista