Entre o exército turco, que apoia e enquadra o Exército Sírio Livre, e as forças de Bashar al-Assad, as milícias curdas sírias das YPG (Unidades de Proteção do Povo), braço armado do Partido da União Democrática, versão síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que se opõe à ocupação turca do Curdistão
Não é a primeira vez que milicianos curdos e forças armadas sírias fazem acordos durante a guerra. Nas localidades de Hassaké e Kamichili, o exército sírio tinha conseguido manter posições num aeroporto e em alguns bairros devido a um acordo entre as duas forças. Mas este novo entendimento, datado do início de março, é mais extenso e mais significativo do ponto de vista político. Vai permitir ao regime recuperar a cidade de Manbij, uma localidade maioritariamente árabe que foi conquistada, em 2016, pelos curdos ao Estado Islâmico. Esta localidade é um local estratégico na passagem de forças da Turquia para Raqqa, a capital do Estado Islâmico.
Recorde-se que o exército turco está apostado em impedir o estabelecimento de uma zona autónoma curda no norte da Síria, e para isso, impedir a conquista de Raqqa pelas forças curdas do YPG, apoiadas por marines dos EUA, é fundamental. O facto de no cainho das forças turcas estar uma zona controlada pelo exército sírio pode ser um sério empecilho neste plano.
Igualmente significativo neste acordo, é o beneplácito assumido de Moscovo. O conselho de Manbij, dominado pelos curdos, declarou a este respeito: “Conseguimos um acordo com a Rússia para ceder [as tropas sírias e militares russos] os postos fronteiriços com a Turquia e todos os pontos da linha da frente com ‘O Escudo de Eufrates’ [nome que é designada a operação do exército turco no norte da Síria]”.