“Queremos que toda a verdade seja apurada, não tememos nada, não temos o temor que o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda têm a propósito da CGD”
Luís Montenegro
Para fugir ao imbróglio governativo e socialista da polémica associada à Caixa Geral de Depósitos e à vontade de acabar e de descredibilizar a comissão parlamentar de inquérito à CGD, o primeiro-ministro António Costa, amparado e apoiado pelos seus camaradas de coligação governativa, da extrema-esquerda, em especial pelos mais proeminentes e ofegantes dirigentes do Bloco de Esquerda, decidiu utilizar, infelizmente, a mais vil demagogia, no debate parlamentar da semana passada, ao acusar o anterior governo e, em particular, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de serem os responsáveis pela nova polémica, criada pela geringonça, associada aos 10 mil milhões de euros que, tudo indica, saíram de Portugal para vários offshores sem cumprimento integral das normas e das regras em vigor.
Se tal pode ter servido para secundarizar no curto prazo, mediaticamente, a polémica da CGD e da respetiva comissão parlamentar de inquérito, por outro lado, ao mesmo tempo, veio confirmar que continuamos a viver um tempo político em que a radicalização e a crispação política persistem, prejudicando gravemente o país e a vida portuguesa. Já tínhamos confirmado que através do parlamentarismo unilateral de conveniência, mãe e pai da geringonça governativa e parlamentar, para o primeiro–ministro António Costa vale tudo para garantir o cimento da esquerda e das extremas-esquerdas. Mesmo que tal implique aumentar os decibéis da conflitualidade política e parlamentar e até entre alguns órgãos de soberania. É um erro. Todos perdemos. Poucos ganham. E mesmo os que ganham é só no curto prazo. Como são os casos do primeiro–ministro e do PS. E este caso das chamadas offshores, com base numa notícia, fundamentada, no jornal “Público”, é um exemplo de como não pode valer tudo. Conheço Pedro Passos Coelho há muitos anos. Durante décadas partilhei e trabalhei várias vezes com ele, partidária, política e até civicamente. É uma pessoa especial. Um homem do seu tempo. Há quem goste. Há quem nem tanto. Mas isso não vem ao caso. Porque se há coisa que sei é que é uma pessoa integra e séria. Uma pessoa que leva e interpreta com inabalável seriedade o serviço público, a coisa pública, os negócios do Estado. Já trabalhei em três governos. Com vários Presidentes da República, com vários primeiros-ministros e com vários serviços públicos. E para além de vários destes serviços públicos, de uma coisa estou certo, Pedro Passos Coelho é um homem sério e intransigente com a defesa do interesse público.
Não tenho a mais pequena dúvida de que ele não conheceu nada do que sucedeu com aquilo a que poderemos qualificar como o caso das offshores. Antes pelo contrário. É por isso que são injustos os ataques e as insinuações baixas e torpes que lhe têm sido feitas. Ele é quem mais quer ver tudo esclarecido ao milímetro. Doa a quem doer. Mesmo que se chegue à conclusão de que pessoas do seu governo tenham, por omissão ou ação, cometido erros graves. Mas isso é outra coisa. Tenho alguns dos seus melhores amigos, pessoal e politicamente, que nos últimos tempos se me vão dirigindo com insistência dizendo que eu o conheço melhor do que até ele imagina. No bom e no menos bom. E nesse sentido, é justo que se diga que não duvido que ele, neste caso como em alguns outros, tem toda a razão. E que a sua diabolização é ignóbil. Outra coisa são quem através de si cometeu omissões e erros. Muito mal anda a nossa política doméstica ao diabolizar a dialética política porque quem perde é o país e as instituições. E a credibilidade dos vários órgãos de soberania. Este é mais um exemplo da herança do unilateralismo parlamentar de conveniência que ainda vai alimentando a geringonça e, muitas vezes, ficticiamente fazendo crer aos portugueses que vivemos no melhor dos mundos.
Escreve à segunda-feira