Almaraz. Ambientalistas dizem que Portugal não deveria ter recuado

Almaraz. Ambientalistas dizem que Portugal não deveria ter recuado


Acordo não suspende construção de aterro, mas adia decisão até que todas as variante sejam estudadas


A associação ambiental ZERO considerou que a retirada da queixa de Portugal relativa a Almaraz junto da Comissão Europeia não deveria ter acontecido. “O diálogo acordado entre Portugal e Espanha é positivo”, considera a Zero em comunicado, mas retirar a queixa contra Espanha é “um grande recuo”.

Os ambientalistas afirmam que não só o estado espanhol como os proprietários da central nuclear têm “revelado uma enorme falta de transparência e inflexibilidade”, pelo que este acordo foi recebido com “surpresa”.

Recorde-se que Portugal e Espanha chegaram hoje a acordo quanto a Almaraz. Portugal retirou a queixa contra Espanha, que se compromete a não avançar com o armazém de resíduos nucleares até que as autoridades tenham analisado todas as informações. Numa declaração conjunta do presidente da Comissão e dos chefes de Governo de Portugal e Espanha, divulgada em Bruxelas, é apontado que “Espanha e Portugal comprometem-se a encetar um diálogo e um processo de consulta construtivo com vista a alcançar uma solução para o atual litígio sobre a construção de um aterro de resíduos nucleares na central nuclear de Almaraz”.

A ZERO pede ainda esclarecimentos sobre todas as “eventuais contrapartidas que tenham sido negociadas”. “Convém lembrar que a verdadeira questão e que tem de estar presente nas conversas entre os dois Estados é a razão da instalação do armazenamento temporário de resíduos nucleares que é completamente desnecessário se se respeitar o fecho da central nuclear em 2020 de acordo com o estipulado na licença”, recorda a associação liderada pelo ambientalista Francisco Ferreira.

Também a Quercus considera o acordo “insuficiente”, apesar de considerar benéfico a suspensão de construção do armazém.

Para a organização, este é apenas "um primeiro passo" que mais não é do que de "uma medida de caráter essencialmente político e insuficiente, e que ainda não corresponde às verdadeiras expectativas da sociedade portuguesa".

A Quercus recomenda ainda ao Governo que não abrande os esforços “junto de Espanha, tendo em vista a participação nacional em todo o processo”. A associação termina a nota relembrando que o essencial desta questão é “o encerramento da Central Nuclear de Almaraz em Junho de 2020, data para a qual a Central tem licença de funcionamento”.

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