Dia quente em Berlim, dois graus são sempre primavera ao fim de vários dias de menos-quatro-feels-like-menos-dez dia e noite sem descanso, com a felicidade que se descobre ser, afinal, passar 12 horas seguidas entre filmes e salas de imprensa que não dá para adivinhar se têm gente ou ar condicionado a mais. Milagre que pareceu corrente do sul e talvez tenha sido mesmo, foi afinal o dia em que Salomé Lamas inaugurou a representação portuguesa no Festival de Cinema de Berlim com o seu “Coup de Grâce”, em competição pelo Urso de Ouro das curtas que, no ano passado, foi para “Balada de Um Batráquio”, de Leonor Teles. À noite viria ainda Diogo Costa Amarante em mais uma sessão de curtas apresentar a sua “Cidade Pequena”.
Dizem as apps meteorológicas que as temperaturas deverão continuar a subir nos próximos dias até que Berlim seja quase uma espécie de Lisboa no centro da Europa, dizemos nós sobre esta tendência, acompanhada pela programação da Berlinale que, para terça-feira, reserva a estreia de “Altas Cidades Ossadas”, de João Salaviza, estágio preparatório para quarta-feira, que se prevê o dia mais quente da semana e que será o mais português de todos os dias da Berlinale: dia de “Os Humores Artificiais”, de Gabriel Abrantes, “Spell Reel”, de Filipa César – no Fórum, onde no ano passado se estreou “Posto Avançado do Progresso”, de Hugo Vieira da Silva –, e ainda a aguardada sétima longa-metragem de Teresa Villaverde, “Colo”, que na competição pelo Urso de Ouro marca o regresso da realizadora a Berlim, 25 anos depois de “A Primeira Idade”.
Só motivos para festejar, não estivesse o cinema português praticamente inteiro em protesto contra a revisão ao decreto-lei que regulamenta a Lei do Cinema.
