Parece que red é mesmo the warmest color, pelo menos enquanto esta edição da Berlinale durar, e parece que a mais últil também. Nada a ver com passadeiras que, sim, existem até no pico do inverno, não há como fugir, mas isso será pano para outras mangas. É que como não estamos em Cannes e não há Kechiche e duas atrizes nem imprensa de primeira e de segunda (e de terceira e por aí adiante até ao blogue onde a internet vai morrer), a única coisa que verdadeiramente importa em horas de aperto é a resposta à pergunta do “red or blue”.
Os dois salvam mas o primeiro mais depressa que o segundo, tipo bote salvavidas ou boia quando achamos que nos vamos afogar num mar de gente a tentar entrar numa sala já cheia. Nomes de código para assuntos de acreditações que não são assunto pouco importante num festival que no ano passado recebeu nos seus cinemas mais de meio milhão de visitas, mais de 335 mil com bilhete pago e que acreditou mais de 16 mil profissionais da indústria (que este ano são os blue) e mais de 3804 jornalistas de 86 nacionalidades. Três mil e oitocentos e quatro, não houve nenhum engano nisto, e se nos primeiros dias parecia tudo demasiado pacífico para o apocalipse que costuma ser descrito, do género gente a fazer fila para bilhetes desde as nove da manhã, bilhetes para o dia seguinte, pois veio o fim de semana e o tsunami com ele.
Primeiro grande visionamento para a imprensa (os visionamentos da imprensa antecedem as estreias em pelo menos algumas horas) e mais de uma centena de jornalistas barrados à porta não de uma mas de duas salas onde estava prestes a começar a exibição de “Wild Mouse”, do austríaco Josef Hader, cuja sinopse começa com a apresentação de Georg, um jornalista de Viena. Há vezes em que nem o red nos salva. Há de salvar um texto qualquer, por exemplo este.