Guerra aberta


Trump tomou posse e confirmou as promessas deixadas na campanha eleitoral. Verdade seja dita, tem esse crédito.


Pouco importa se a vitória de Trump é justa ou não. O sistema eleitoral americano funciona em colegialmente e de pouco adianta resmungar que Hillary teve mais votos.

Trump tomou posse e confirmou as promessas deixadas na campanha eleitoral. Verdade seja dita, tem esse crédito. Prometeu e está a cumprir. Declarou guerra a quase tudo e está a pagar as encomendas eleitoralistas com que se comprometeu. 

O desfecho desta novela é imprevisível. A história dos EUA está repleta de alternâncias na postura presidencialista dos seus líderes. Houve sempre duas correntes: uma protecionista e uma intervencionista. A de Trump é claramente protecionista e não vinha mal nenhum ao mundo se a mesma se situasse no século passado. Reagan e Nixon também o foram, mas o contexto era diferente e, sobretudo, era diferente a forma como impunham as suas doutrinas.
Trump parece viver no século passado, utiliza o Twitter como se não houvesse amanhã e deve pensar que este facto o torna um homem do séc. xxi. Despreza os valores mais fundamentais das sociedades modernas e “reina” sem ter em conta o mundo que o rodeia.

Declarou guerra ao mundo, começando por abandonar a política de redução de energias poluentes e por retomar as perfurações do petróleo e gás de xisto; deu os primeiros passos para revogar o Obamacare; adotou medidas de protecionismo comercial; aposta no reforço das forças armadas com a criação do mais sofisticado sistema de defesa antimíssil; avança com a construção de um muro na fronteira com o México; e decreta o modelo de anti-imigração. A cereja no topo do bolo é a intenção de criar um dia nacional do patriotismo.

A lei anti-imigração com a desculpa de proteger os EUA é só ridícula! Só por curiosidade: nos últimos dez anos, a média de americanos mortos por ano por imigrantes jihadistas muçulmanos foi de dois; por terroristas de extrema-direita, cinco; e, pasme-se, por outro americano, 11 737. Quer-me parecer que o verdadeiro problema não vem de fora. Agora, fazer frente à National Rifle Association? Combater o lóbi das armas? Claro que não.

E agora? O que podemos realmente fazer para contrariar?

A resposta já veio de dentro. Starbucks anuncia a contratação de 10 mil refugiados; Airbnb, hospedagem grátis para quem for barrado no país; Google cria fundo de 4 milhões de dólares destinado a organizações que lidam com imigrantes; Uber criará um fundo de 3 milhões de dólares para defender os seus motoristas imigrantes. 

É um começo. Os governos europeus deviam seguir o exemplo, esquecer por momentos os prejuízos latentes e boicotar as políticas de Trump, seja com contramedidas, seja com supressão do consumo de bens americanos. Não é admissível que Trump profira declarações pondo em causa o projeto europeu. Esta é uma oportunidade de ouro para mostrar uma Europa unida.

Não podemos mudar a decisão das eleições nos EUA, mas podemos contribuir para que cada vez mais americanos se demarquem deste presidente. Estamos em guerra aberta.

 

Guerra aberta


Trump tomou posse e confirmou as promessas deixadas na campanha eleitoral. Verdade seja dita, tem esse crédito.


Pouco importa se a vitória de Trump é justa ou não. O sistema eleitoral americano funciona em colegialmente e de pouco adianta resmungar que Hillary teve mais votos.

Trump tomou posse e confirmou as promessas deixadas na campanha eleitoral. Verdade seja dita, tem esse crédito. Prometeu e está a cumprir. Declarou guerra a quase tudo e está a pagar as encomendas eleitoralistas com que se comprometeu. 

O desfecho desta novela é imprevisível. A história dos EUA está repleta de alternâncias na postura presidencialista dos seus líderes. Houve sempre duas correntes: uma protecionista e uma intervencionista. A de Trump é claramente protecionista e não vinha mal nenhum ao mundo se a mesma se situasse no século passado. Reagan e Nixon também o foram, mas o contexto era diferente e, sobretudo, era diferente a forma como impunham as suas doutrinas.
Trump parece viver no século passado, utiliza o Twitter como se não houvesse amanhã e deve pensar que este facto o torna um homem do séc. xxi. Despreza os valores mais fundamentais das sociedades modernas e “reina” sem ter em conta o mundo que o rodeia.

Declarou guerra ao mundo, começando por abandonar a política de redução de energias poluentes e por retomar as perfurações do petróleo e gás de xisto; deu os primeiros passos para revogar o Obamacare; adotou medidas de protecionismo comercial; aposta no reforço das forças armadas com a criação do mais sofisticado sistema de defesa antimíssil; avança com a construção de um muro na fronteira com o México; e decreta o modelo de anti-imigração. A cereja no topo do bolo é a intenção de criar um dia nacional do patriotismo.

A lei anti-imigração com a desculpa de proteger os EUA é só ridícula! Só por curiosidade: nos últimos dez anos, a média de americanos mortos por ano por imigrantes jihadistas muçulmanos foi de dois; por terroristas de extrema-direita, cinco; e, pasme-se, por outro americano, 11 737. Quer-me parecer que o verdadeiro problema não vem de fora. Agora, fazer frente à National Rifle Association? Combater o lóbi das armas? Claro que não.

E agora? O que podemos realmente fazer para contrariar?

A resposta já veio de dentro. Starbucks anuncia a contratação de 10 mil refugiados; Airbnb, hospedagem grátis para quem for barrado no país; Google cria fundo de 4 milhões de dólares destinado a organizações que lidam com imigrantes; Uber criará um fundo de 3 milhões de dólares para defender os seus motoristas imigrantes. 

É um começo. Os governos europeus deviam seguir o exemplo, esquecer por momentos os prejuízos latentes e boicotar as políticas de Trump, seja com contramedidas, seja com supressão do consumo de bens americanos. Não é admissível que Trump profira declarações pondo em causa o projeto europeu. Esta é uma oportunidade de ouro para mostrar uma Europa unida.

Não podemos mudar a decisão das eleições nos EUA, mas podemos contribuir para que cada vez mais americanos se demarquem deste presidente. Estamos em guerra aberta.