Eucalipto. Governo diz que área plantada vai ficar congelada até 2030

Eucalipto. Governo diz que área plantada vai ficar congelada até 2030


Reforma na floresta tem causado muita polémica porque implica um travão que a indústria não quer


O eucalipto continua a ser o principal foco de polémica na discussão da “reforma da floresta”. A indústria continua a não baixar os braços e tem atacado as mudanças que estão previstas. Já o governo parece ter encontrado a resposta para as críticas que têm sido feitas. De acordo com o “Público”, o executivo de António Costa sustenta o travão no crescimento do eucalipto em Portugal com um diploma, com data de março de 2015 e assinado por Passos Coelho, que determina o congelamento até 2030 dos 812 hectares de povoamentos com eucalipto.

Em resposta às críticas de produtores florestais e também da indústria, Luís Capoulas Santos diz apenas que o governo está “a respeitar e a cumprir a Estratégia Nacional para as Florestas”. A ideia é que, no futuro, as novas plantações de eucalipto apenas se possam realizar por substituição das zonas já plantadas.

Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar dois milhões devido à insuficiência da floresta nacional – argumentos velhos que levaram a um novo problema: o setor quer aumentar a produção.

A Altri ameaçou travar os investimentos se Portugal demonizasse o eucalipto e António Costa apressou-se a responder com uma linha de financiamento para subir a produtividade na floresta de eucalipto.

Paulo Fernandes aproveitou a assinatura de contratos no valor de 125 milhões de euros na Celbi e Celtejo para avisar o governo. “A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou o empresário. No entanto, o combate à expansão da área de eucalipto foi a bandeira da negociação entre o PS e os Verdes. Mas, caso o governo ceda às pressões da indústria, não é apenas o acordo com os Verdes que é posto em causa.

Também o PCP, em agosto de 2016, fazia saber – a propósito dos incêndios que afetavam o país – que acreditava que o problema dos incêndios florestais só podia ser resolvido através de algumas alterações, nomeadamente “combatendo a hegemonia do eucalipto”.

O Bloco de Esquerda também defende que a política de eucaliptização do país tem de acabar. Catarina Martins admitiu mesmo que a “eucaliptização do país é um problema grave que tem de ser tratado”.