O sinal é claro e Trump iniciou o seu mandato dando logo o devido colinho ao Brexit, na perspetiva óbvia de dividir para reinar e apostando claramente no apoio político aos movimentos populistas do espaço europeu.
A Europa parece finalmente entendê-lo, e a cuidada prudência da mensagem final dos países do sul europeu, reunidos este sábado em Lisboa, parece indiciar uma via diferente de entendimento e cooperação política europeia, em que o essencial de um percurso consolidado de décadas pode e deve agora unir as diversidades de cada país, de modo a superar os impasses e as ambiguidades, nos últimos anos, de uma gestão acomodada e excessivamente cinzenta. Vai ser esse o desafio imediato da Europa, o de poder dar, tão depressa quanto possível, uma prova de vida clara da sua presença política, efetiva, num concerto global que Trump pretende agora alterar pelas pulsões emotivas de uma lógica política pouco percetível e, por isso mesmo, de extrema perigosidade.
Por tudo isto, e ao contrário do que disse o “injustamente acusado de líder da oposição” (obrigado, Baptista-Bastos), a reunião de Lisboa não foi de todo uma conspiração de “grupinhos” contestatários. A mensagem final fala por si, ficou dito o essencial e nada do acessório. Foi um pequeno mas importante passo no quadro de uma urgência decisiva para o mundo, um desafio que a Europa tem o dever de superar. Porque a paz não tem preço.
Escreve à terça-feira