Após a morte do juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) Teori Zavascki, num desastre aéreo, cabia ao presidente Michel Temer nomear outro relator para a Operação Lava Jato, que pudesse homologar as delações premiadas dos executivos da Odebrecht. Mas a presidente do STF, Cármen Lúcia, decidiu valer-se do regime de exceção, previsto no regulamento do tribunal, e homologou ela própria os testemunhos.
Recorde-se que setenta e sete executivos da empreiteira acordaram com o Ministério Público brasileiro prestar depoimentos, no âmbito da Operação Lava Jato, em troca de benefícios legais para ambas as partes. Nessas delações – trinta no total – foram referidos os nomes de quase cinquenta políticos, incluindo o do próprio presidente Michel Temer, que terão beneficiado direta ou indiretamente do financiamento partidário ilegal, levado a cabo pela Odebrecht.
Segundo a Carta Capital, o presidente Temer não viu com bons olhos homologação imediata das delações, uma vez que, para além do próprio, suspeita-se que serão vários os membros do seu governo referidos nos depoimentos. Neste sentido, o líder brasileiro está a encarar a decisão de Carmén Lúcia como uma autêntica “ação política”.