Está a Europa a caminho do fim?


É difícil alguém ser tão claro quanto Trump. 


A 25 de maio de 2016 tive oportunidade de alertar, no então “Diário Económico”, para o calendário eleitoral dos meses seguintes. Era o Brexit em junho, Trump em novembro e as presidenciais francesas, em abril/maio deste ano. E na altura referi que tanto a vitória do Brexit como a de Trump poderiam extremar a política francesa, favorecendo a Frente Nacional.

Marine Le Pen sabe disso há muito tempo e desde cedo se colou politicamente a Trump. Foram os elogios ao candidato republicano durante as primárias e até uma breve passagem pela Trump Tower neste mês de janeiro.

Se não devemos cair no exagero de Nicolau Santos que, no “Expresso”, declarou caminharmos para a terceira guerra mundial, também não podemos estar desprevenidos. Muitos dizem que Trump é uma incógnita e que, com o tempo, vai mudar. Que ia mudar durante as primárias, para as vencer, depois das primárias se quisesse bater Hillary, e na tomada de posse porque assumiria pose de Estado. Até hoje.

É difícil alguém ser tão claro quanto Trump. Nada é uma incógnita, apesar de muitos não quererem aceitar que seja verdade. O protecionismo económico, o nacionalismo (que não é patriotismo), a demagogia, o que boa parte da esquerda, sem se aperceber, tanto exigiu e confundiu com decência, estão de volta. A vitória de Trump pode ter repercussões na Europa, a começar pela Holanda em março. Uma Europa que só não se desintegrará se Fillon ou Macron ganharem em França e Merkel vencer na Alemanha, nas eleições a terem lugar no fim do verão.