Visita do Papa. Hospitais vão ter de rever planos de catástofre

Visita do Papa. Hospitais vão ter de rever planos de catástofre


Santuário de Fátima vai ter videovigilância. Saúde estuda cenários e dispositivos de apoio clínico a peregrinos e altos dignitários


A 108 dias da chegada de Francisco, estão oficialmente em marcha os planos de resposta às necessidades de assistência médica durante as celebrações do centenário das aparições em Fátima. O Ministério da Saúde nomeou ontem uma comissão para preparar e gerir um plano de contingência que vai abranger o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e dez centros hospitalares. Nos maiores hospitais de Lisboa e Porto, os planos previstos para situações de catástrofe terão de ser atualizados e testados nos próximos meses.

A constituição da comissão de gestão do plano de contingência do Ministério da Saúde para as comemorações do centenário das aparições de Fátima surgiu no mesmo dia em que o Ministério da Administração Interna aprovou a instalação de 11 câmaras de videovigilância no santuário, “com o fim de proteção de pessoas e bens e de prevenção da prática de crimes e de atos terroristas”.

O sistema será montado de forma a não captar nem gravar imagens dos locais de oração mais reservados, como interior de igrejas, capelas ou espaços de devoção, especifica o despacho publicado em Diário da República.

Do lado da Saúde, os trabalhos vão passar, numa primeira fase, pelo levantamento das necessidades e avaliação de risco.

Além disso, a comissão de gestão do plano de contingência – uma equipa de 11 peritos que será presidida pelo médico António Marques da Silva, adjunto do diretor clínico do Centro Hospitalar do Porto – terá de preparar um dispositivo de apoio que abranja os peregrinos mas também as entidades convidadas para as celebrações, incluindo altos dignitários como chefes de governo e chefes de Estado. Portanto, também o Papa.

Este diploma, publicado também ontem, estabelece desde já os hospitais que serão mobilizados, dividindo-os em três eixos de resposta. A resposta aos peregrinos e altas individualidades será garantida, em primeiro lugar, nos hospitais mais próximos do santuário, como Santarém, Leiria, Caldas da Rainha, Peniche, Torres Vedras, Abrantes, Tomar, Torres Novas e Coimbra. Na retaguarda estará o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Já para o caso de uma “situação de exceção” prevê-se o recurso a todos os hospitais com urgência polivalente. O diploma destaca, ainda assim, os Hospitais de São João e de Santo António, no Porto, ou os centros hospitalares de Lisboa Central e Ocidental (São José e São Francisco Xavier) como as unidades que têm de atualizar os planos de resposta para situação de catástrofe.

Fernando Araújo, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, explicou ao i que a comissão vai planear a resposta para situações consideradas ”frequentes mas menos graves”, como infeções víricas, nomeadamente do foro respiratório. Será depois estruturada a resposta a ocorrências menos frequentes mas com gravidade moderada a elevada, como enfartes ou AVC. “O maior número de pessoas presentes e previsivelmente com idade mais elevada implica maior ocorrência e maior pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.” Será também acautelada a resposta a cenários de “ocorrência rara”, como a hipótese de um atentado terrorista, admite o governante.

Fernando Araújo adianta que o trabalho das instituições de saúde será articulado com os planos dos outros ministérios, nomeadamente com a Proteção Civil, forças de segurança e autarquias. “O objetivo é termos um plano detalhado, integrando e articulando todas as instituições, suficientemente bem discutido e conhecido por todos. Queremos estar bem preparados e capazes de responder a todas as eventualidades”, sublinha Fernando Araújo.

O plano de contingência deve estar concluído dentro de um mês, estando previstos relatórios de acompanhamento mensais.

Em 2010, na visita de Bento xvi a Portugal, as celebrações em Fátima reuniram perto de meio milhão de fiéis. O Papa esteve ainda em Lisboa e no Porto. Francisco, até ao momento, só confirmou um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa e a participação na procissão das velas em Fátima, a 12 de maio, e nas cerimónias do dia seguinte, que evocarão o primeiro centenário das aparições. O santuário espera um recorde de visitantes naquela que é a primeira visita do Papa à península Ibérica.

Em Fátima, onde muitos hotéis estão já esgotados, haverá nos próximos meses várias obras a decorrer. Na semana passada, o governo autorizou procedimentos mais simples na adjudicação de empreitadas que deverão garantir, até maio, a requalificação de vários arruamentos. Estão também previstas obras num troço da Estrada Nacional 356.