Soares, o ténis e o golfe


Não trago à baila o futebol. O desporto rei é, obviamente, o mais popular de todos, mas, não sejamos ingénuos, rende votos.


Só me lembro de dois Presidentes da República (PR) e um primeiro ministro se darem ao “incómodo” de representarem o país em torneios portugueses dos circuitos mundiais de ténis ou de golfe.

Não trago à baila o futebol. O desporto rei é, obviamente, o mais popular de todos, mas, não sejamos ingénuos, rende votos.

Nas modalidades às quais me dediquei, as minhas memórias resumem-se a: Cavaco Silva no Jamor a entregar prémios do Estoril Open como primeiro ministro; Marcelo Rebelo de Sousa a visitar o Millennium Estoril Open já como PR, e o PR Jorge Sampaio no Open de Portugal e a entregar os prémios na Taça do Mundo de golfe.

É muito pouco, quando o Estado português, via Turismo de Portugal, investe tanto em eventos que exaltam as nossas valências desportivas e turísticas aos milhões de fãs do ATP World Tour (ténis) e do PGA European Tour (golfe).

Lembrei-me disto quando, nestes tristes dias de luto nacional, ouvi tantas vezes salientar-se o papel fundamental de Mário Soares no combate às ditaduras, antes e depois do 25 de Abril de 1974.

Sim, ainda me recordo que Portugal viveu um tempo em que se acusava de fascista o praticante de ténis ou de golfe… poucos anos antes de a ex-União Soviética apostar no ténis para conquistar medalhas de ouro olímpicas, a Taça Davis e a Fed Cup!

Hoje em dia, os nossos campeões destas modalidades vêm de classes socioeconómicas díspares e defendem cores políticas diversas.

Obrigado aos que, como Mário Soares, lutaram para que já nenhuma criança portuguesa seja olhada de soslaio por gostar de ter uma raquete ou um taco na mão.