A Caixa Geral de Depósitos e a destruição de empresas e empregos


Deve imperar o bom senso. Em vez de matar empresas e empregos, a CGD deve salvá-los. Sobretudo às empresas viáveis e cumpridoras


“Com a OPA da Caixa Bank sobre o BPI, Espanha fica com 30% do capital dos bancos portugueses. O grande risco dos bancos espanhóis é pensarem que a banca portuguesa é igual à espanhola. É um risco para as PME portuguesas.”

António Ramalho

A polémica político mediática, à volta da Caixa Geral de Depósitos, surpreendentemente, não afetou ainda tanto quanto se temia, a instituição. Apesar de tantas contradições, de omissões, de indecisões, de nomeações, de demissões e de outros factos pouco normais e muito negativos. Parece que tudo isso ainda não afetou, como se temia a imagem e a credibilidade, do banco público português. Mas até ver. Poderá dizer-se que tal, se deverá, a alguma robustez ainda existente nesta instituição bancária. E ainda à sua capacidade de resiliência enquanto instituição de crédito, umbilicalmente ligada aos portugueses.

O que é certo, é que o atual governo, e sobretudo o seu primeiro-ministro, António Costa, tentam sair de mansinho em relação a todas estas polémicas, desde a nomeação da administração (com António Domingues à cabeça), até à recapitalização da instituição e à sua reestruturação interna. Conducente ao encerramento de agencias e ao despedimento de milhares de funcionários e ainda à venda de grande parte da rede externa da CGD. Mas, no meio, desta volúpia de erros e de decisões, sobressai também pela negativa a intenção da CGD de na prática, matar milhares de postos de trabalho diretos e indiretos e de quase matar, nuns casos, várias empresas, robustas e em claro crescimento e sustentabilidade externa e também interna.

A saber, empresas que têm em vários sectores da atividade económica, vários milhões de euros em carteira de encomendas e de contratos, e que estão a ser afetadas pela novela política da CGD. Intenções estas sustentadas por empresas de consultoria pagas a peso de ouro que num ápice, se têm arvorado em paladinas do rigor, players que ao mesmo tempo num passado recente caucionaram pela positiva o que se vinha passando na CGD.

Isto sucede quando em alguns media, alguns jornalistas vão no uso da sua proximidade a alguns lobbies, à má fila envenenando a opinião pública com inverdades, como é o exemplo, em relação à obrigatoriedade desta instituição bancária ter de levar empresas, na prática, à falência, com consequências nefastas para milhares de postos de trabalho que assim vão para o caixote do lixo, mesmo que tais empresas tenham viabilidade, condições e potencial para continuarem a operar quer no mercado nacional quer no mercado internacional. É também aqui que se deve pôr o dedo na ferida da CGD, que com quase 5 mil milhões de euros, muitos outros banqueiros em outros bancos com este dinheiro, também seriam capazes de atingir grandes resultados. A CGD com estas intenções, não pode pôr em causa outros bancos seus concorrentes, colocando-os de um momento para o outro perante a obrigatoriedade de aumentarem as suas dificuldades e a sua relação com muitos dos seus clientes.

A Caixa Geral de Depósitos é demasiado estruturante para o sistema bancário português para ao resolver alguns dos seus problemas estruturais, pôr em causa o sistema bancário português a economia nacional, milhares de postos de trabalho e a vida de várias empresas, seja na área das auto estradas, seja na área da saúde, seja na área da indústria agro alimentar, seja da área da construção e seja da área das telecomunicações. Deve imperar o bom senso. Em vez de matar empresas e empregos deve-os salvar. Sobretudo às empresas viáveis e cumpridoras. Também por isso a cegueira das imparidades é um erro demasiado grave. Mas uma coisa parece certa. Em vez de matar empresas e empregos deve-os salvar. Sobretudo às viáveis e às cumpridoras.

Por isso a cegueira das imparidades é um erro, económico e social, demasiado grave. Porque em coerência, então a Caixa Geral de Depósitos com base em múltiplos fundamentos, já convive com estas imparidades há demasiados anos. Derivando daí, a bem da economia e do emprego que a CGD enquanto banco público, dever ter no mínimo a obrigação de dar estímulos ao emprego, às empresas e à economia. O contrário não faz sentido. A não ser por incompetência. E soberba. Portugal não pode deixar que o modelo económico assente no apoio à internacionalização da sua economia seja posto em causa. Como também não pode deixar de criar os melhores estímulos e o melhor apoio para a internacionalização das empresas portuguesas, em várias geografias para além da Europa.