Kikas sonhou… e o rock aconteceu

Kikas sonhou… e o rock aconteceu


Aos 24 anos, o surfista nascido em Cascais tornou-se no segundo português a conseguir entrar no circuito mundial, depois de Tiago ‘Saca’ Pires. Agora, já há gente a falar nele.


Semana histórica para o surf português. Frederico Morais, conhecido no mundo do surf como Kikas, garantiu o acesso ao circuito mundial da modalidade para 2017, ao concluir o circuito de qualificação na terceira posição, com 22.910 pontos, sendo batido apenas pelos australianos Ethan Ewing e Connor O’Leary. É apenas o segundo a conseguir tal feito, depois de Tiago ‘Saca’ Pires, que andou pela elite entre 2008 e 2014.

Aos 24 anos, o surfista natural de Cascais coroou desta forma uma temporada para mais tarde recordar – e que teve ainda a cereja no topo do bolo com o convite para participar no Billabong Pipe Masters, 11.ª e última etapa do circuito mundial de surf, beneficiando de uma lesão do brasileiro Alejo Muniz. Para já, Kikas aguarda pela realização das eliminatórias de acesso para conhecer os adversários na primeira ronda do campeonato havaiano, etapa rainha do circuito.

Atual líder da ‘Triple Crown’ (classificação das três últimas etapas havaianas), Frederico Morais já ficou ainda em segundo lugar no Hawaiian Pro, em igualdade com o campeão do mundo John John Florence, e também no Vans World Cup, atrás do sul-africano Jordy Smith.

Até Kelly Slater se vergou

Nascido praticamente no meio do surf, Kikas desde cedo mostrou ao que vinha. Em dezembro de 2013, com 21 anos, recebeu o primeiro título de campeão nacional, com o troféu a ser-lhe entregue precisamente por Saca Pires – isto, dois meses após, em Peniche, ter batido… Kelly Slater. Esse mesmo, a maior lenda de todos os tempos da modalidade.

Foi eleito ‘Rookie do Ano’ e não mais saiu do radar dos amantes do surf. Por estes dias, assumiu à Imprensa portuguesa ter «concretizado um sonho de sempre».

Mais impactantes, porém, foram as declarações do seu treinador ao site oficial da Liga Mundial de Surf (WSL), onde Richard Marsh deixa no ar a possibilidade de Portugal estar a assistir ao nascimento do que poderá vir a ser o grande baluarte do surf no país. «Esta é a recompensa por anos e anos a fazer as coisas pequenas de forma correta. Nas últimas semanas, o Frederico surfou sob uma pressão intensa e provou que pode bater os melhores surfistas do mundo, com a sua preparação, atitude positiva e crença. Em Portugal adoram surf e o Frederico é o melhor atleta nacional. Vai ser tratado como uma estrela de rock quando regressar», atirou o técnico, numa demonstração crassa de confiança nas capacidades do pupilo – além de um orgulho tremendo, claro está.

Para já, Kikas ‘furou’ até conseguir entrar na elite. O que estará por vir, só o futuro o dirá, mas uma coisa parece certa: se depender dele, o céu é o limite.