A seguradora Fidelidade, detida pelo grupo chinês Fosun que conta também com a Luz Saúde, prevê a saída de mais de 400 trabalhadores nos próximos anos. A ideia, segundo a empresa, é continuar o seu processo de “otimização da estrutura”, daí ter pedido ao governo o estatuto de empresa em reestruturação.
De acordo com a seguradora, o objetivo é continuar com o processo de redução de funcionários que tem sido levado a cabo pela empresa ainda antes da privatização. Ainda assim, a Fidelidade admite que essa diminuição do número de funcionários tem sido feita “de forma faseada de acordo com a experiência de anos anteriores”. Recorde-se que o grupo chinês Fosun comprou, no início de 2014, 80% do capital social da Caixa Seguros (Fidelidade, Multicare e Cares) por mil milhões de euros.
Saídas de trabalhadores
Feitas as contas, em termos médios, entre 2013 e 2015, saíram 130 trabalhadores por ano da Fidelidade. Já nos primeiros nove meses do ano, a seguradora reduziu em 134 pessoas o seu quadro de efetivos, dos quais cerca de 110 através de rescisões por mútuo acordo e pré-reforma. No entanto, desde o início do ano até setembro, a seguradora lembra que contratou 86 colaboradores “para responder à necessidade de novas competências em algumas áreas”, naquilo que considera “um processo de rejuvenescimento” da sua estrutura.
Quanto ao pedido do estatuto de empresa em reestruturação feito ao Ministério do Trabalho, e que ainda não obteve resposta, segundo a Fidelidade, o objetivo é que haja o “alargamento da quota, entretanto consumida”, para que os trabalhadores que aceitem sair da empresa nos próximos anos em rescisão amigável possam aceder ao subsídio de desemprego.
De acordo com a lei, existem quotas nas empresas (que variam em função da sua dimensão) para a atribuição do subsídio de desemprego em caso de rescisões por mútuo acordo, sendo que essas quotas podem ser excecionalmente alargadas caso a empresa o solicite, alegando motivo de reestruturação, viabilização ou recuperação, tendo de obter autorização do governo.
Resultados
A seguradora registou um lucro de 286,3 milhões de euros em 2015, o que representa uma subida de mais de 60% do que no ano anterior. O setor imobiliário foi um dos principais responsáveis por estes resultados. A par disto, ajudaram ainda o aumento do negócio segurador e o maior contributo da Luz Saúde.
Na área do imobiliário, a Fidelidade beneficiou dos ganhos induzidos pelas participadas e fundos que controlam o património imobiliário da empresa, que no total geraram mais de 45 milhões de resultados para a companhia (mais de quatro vezes superior ao de 2014).
Já o negócio segurador gerou mais de 210 milhões de euros de resultados e o Hospital da Luz deu 19,8 milhões de lucros para a companhia (mais de cinco vezes mais do que os 3,6 milhões de contributo em 2014). O grupo segurador Fidelidade tinha, no final de setembro, 3230 trabalhadores em Portugal, dos quais 2550 na Fidelidade.