A Volkswagen (VW), maior fabricante europeu de automóveis, entende a construção da sua própria fábrica de baterias para carros elétricos como uma evolução natural da sua expansão. “Se mais de um quarto dos nossos automóveis serão, num futuro próximo, veículos elétricos, vamos precisar de aproximadamente três milhões de baterias por ano”, disse ontem o CEO do grupo alemão ao “Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung”. “Assim, faz sentido construir a nossa própria fábrica”, disse Matthias Mueller .
Atualmente, a Volkswagen depende de fornecedores externos para equipar os veículos elétricos que fabrica e tem estado em conversações com a Uber. No entanto, esta parceria foi inviável. Mueller revelou que a Uber olhou para a VW num “papel de fornecedor” e a posição da fabricante alemã é de “continuar na liderança”.
De acordo com a agência Reuters, construtoras automóveis como a VW estão a desenvolver carros elétricos e a posicionar–se como empresas de mobilidade. Ou seja, não são meras fabricantes e vendedoras de automóveis, mas envolvem-se em alternativas à tradicional utilização de carros particulares a favor da partilha de deslocações.
A posição da administração surge numa altura em que o grupo se debate com o escândalo das emissões falseadas de gases poluentes e também com o anúncio da dispensa de 30 mil trabalhadores em todo o mundo.
Poupança A empresa anunciou que a supressão de 23 mil destes postos de trabalho vai atingir as fábricas da Alemanha durante os próximos quatro anos e que os restantes sete mil vão ser despedidos em fábricas do resto do mundo, mas sem especificar locais. Segundo a VW, a medida vai permitir uma poupança de 3,7 mil milhões de euros por ano até 2020.
Ao mesmo tempo, a VW ainda está às voltas com o escândalo das emissões. Na entrevista, Matthias Mueller confirmou que a marca colocou de parte 18 mil milhões de euros para cobrir os custos da falsificação de emissões. No ano passado, a VW foi acusada de mudar o sistema de emissão de gases poluentes com a instalação de softwares para manipular dados de emissões poluentes em alguns motores, enganando assim reguladores e clientes. Na entrevista, Matthias Mueller confirmou que a marca colocou de parte 18 mil milhões de euros para cobrir os custos da falsificação de emissões.
Ao mesmo tempo que anunciou os cortes, a administração da empresa revelou o compromisso de criar 9 mil empregos nas áreas de produção de veículos elétricos nas suas fábricas alemãs, como parte do esforço de mudança para a mobilidade elétrica e carros autónomos.
Concorrência Esta mudança é uma das grandes tendências do mercado. A Tesla, construtora norte-americana de baterias e carros elétricos, está a construir no estado do Nevada uma gigafábrica para ajudar o atingir o objetivo de aumentar a produção de 80 mil para 500 mil carros por ano.
Para 2017 está previsto o anúncio da segunda gigafábrica, e é certo que será na Europa. Portugal é apontado como um dos destinos possíveis.
A gigafábrica produz grande parte da energia que consome, através das centenas de painéis solares instalados no seu telhado. Esta é uma das razões pelas quais a Tesla olha para Portugal – e também para Espanha, uma vez que é na península Ibérica que há maior exposição solar.
Na gigafábrica original, a Tesla vai criar 6500 empregos diretos e mais de 22 mil empregos indiretos. Só a construção implica investir cinco mil milhões de dólares (mais de 4700 mil milhões de euros).