Ataque. Polícia atenta a vandalismo nos restaurantes de José Avillez

Ataque. Polícia atenta a vandalismo nos restaurantes de José Avillez


Depois de o Cantinho do Avillez, no Porto, ter sido vandalizado, alegadamente por um grupo pró-Palestina, a PSP confirma que está ao corrente da situação e, para evitar problemas nos restantes seis espaços de José Avillez em Lisboa, vai estar atenta


Foi na passada sexta-feira à noite que um grupo não identificado pintou de vermelho a fachada do restaurante Cantinho do Avillez, no Porto, propriedade do chefe português José Avillez. Além do spray encarnado, foram ainda deixadas algumas mensagens escritas onde se lia: “Palestina Livre”, “Avillez colabora com ocupação sionista” e “Entrada: uma dose de fósforo branco” – alegadamente utilizado pelo exército israelita.

A PSP desconhece, por enquanto, os autores da ação de vandalização, mas fonte policial confirmou ao i que foi chamada uma patrulha ao local, sábado de manhã, para tomar conta da ocorrência, tendo classificado o crime como de semipúblico. Nesse sentido, “apresentar queixa, ou não, depende agora do proprietário”, disse a mesma fonte. Já relativamente aos restantes seis restaurantes do grupo de José Avillez, todos em Lisboa, a PSP diz estar “atenta a todos os fenómenos”, sinal de que a vigilância pode manter-se apertada por mais alguns dias.

Visita a Israel Se os autores do ataque não estão identificados, já o motivo parece claro: na última semana, o cozinheiro português esteve em Tel Aviv, Israel, a participar num evento gastronómico, o Round Tables, com mais 12 chefes de todo o mundo.

A participação de José Avillez foi muito criticada por movimentos pró-palestinianos, que pediram a todos os chefes para não marcarem presença no evento, nomeadamente pela organização global BDS – Boycott, Disinvestment and Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções) que enviou uma carta não só a José Avillez, mas a todos os cozinheiros presentes no Round Table. Já no início do mês, ativistas pró-Palestina manifestaram-se à porta de alguns restaurantes dos cozinheiros que participam no evento, casos do Musket Room, em Nova Iorque, do chefe do neo-zelandês Matt Lambert; L’Ami Jean, de Stéphane Jégo, em Paris; e também aqui ao lado, em Vigo, Espanha, no Maruja Limón, dos chefes Rafa Centeno e Inés Abril. Jornais israelitas, como o “The Times of Israel”, o “Jerusalem Post” e o “Haaretz”, acusam o BDS de ter sido o responsável pelo ataque ao Cantinho do Avillez.

Em Portugal, o blogue “Palestina Vence” escreveu, a 10 de novembro, que “os ativistas contra o regime israelita de ocupação e apartheid lançaram um apelo [por carta] ao chefe de cozinha português José Avillez, dono do restaurante Belcanto em Lisboa, para que este cancelasse a sua participação no evento de culinária em Telavive intitulado Round Tables”.

Ontem, depois dos acontecimentos na Rua Mouzinho da Silveira, a direção nacional do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) enviou um comunicado a confirmar que “subscreveu, em conjunto com outras organizações, um apelo para que um conhecido chefe de cozinha português cancelasse a sua participação num evento de promoção turística em Israel”. No mesmo comunicado, a organização distancia-se da tinta vermelha e das inscrições colocadas sexta-feira na fachada do Cantinho do Avillez: “Ações como as que ocorreram no Porto, e cuja autoria se desconhece, não são da responsabilidade, nem têm qualquer relação com o perfil de iniciativas, princípios políticos e vocação de uma organização com as responsabilidades e o estatuto do MPPM.”

O i tentou contactar o chefe José Avillez e os responsáveis pela comunicação do grupo, mas até ao fecho desta edição tal não foi possível. Apesar de tudo, e ao ligar para o restaurante o Cantinho do Avillez, no Porto, um funcionário confirmou que o restaurante esteve aberto durante todo o fim de semana. Em declarações à rádio Antena 1, o chefe desvalorizou o incidente: “Recebemos, de facto, uns emails. Mas eu sou cozinheiro e nunca me envolvi em políticas, principalmente as de fora do meu país. O que fui fazer foi cozinhar e sempre me distanciei de tudo o resto.”