Do IVA da aveia às cativações. Esquerda faz 18 propostas de alteração ao orçamento na Saúde

Do IVA da aveia às cativações. Esquerda faz 18 propostas de alteração ao orçamento na Saúde


Conheça as propostas do Bloco de Esquerda, PCP e PAN


Os partidos que sustentam o governo apresentaram até ao momento 18 propostas de alteração ao Orçamento do Estado na área da Saúde. A conta é certa: os grupos parlamentares do Bloco de Esquerda, PCP e PAN apresentam, cada um, seis medidas, em diferentes frentes.

O alargamento da isenção nas taxas moderadoras a todos os doentes crónicos, o reforço de nutricionistas, psicólogos e optometristas no Serviço Nacional de Saúde e a comparticipação a 100% do leite para prematuros são alguns dos temas em cima da mesa, a par da redução do IVA nos flocos prensados de cereais e leguminosas (e subida na banha) e o fim das cativações de verbas destinadas à promoção da saúde.

Bloco de Esquerda

Subsídio para cão de assistência – prevê a atribuição de um subsídio que permita fazer face às despesas de manutenção com cão de assistência a pessoas com deficiência, apoio já previsto no decreto-lei n.º 74/2007 mas nunca regulamentado.

Redução dos custos dos atestados de incapacidade – estipula um preço de 25 euros pelos atestados multiúsos de incapacidade em junta médica, metade do valor atual. Determina ainda que a renovação de atestado passe a ter um preço reduzido de cinco euros.

Ajuda nas portagens – determina que os automóveis ligeiros de passeiros ou mistos para pessoas com deficiência e que estejam isentos do IUC passem a ser considerados de classe 1 no pagamento de portagens.

Fim das cativações – pretende eliminar as cativações de verbas destinadas ao Plano Nacional de Saúde e aos programas de saúde prioritários da DGS, nomeadamente receitas de jogos sociais. Este ano a cativação destas  verbas gerou polémica: a restrição financeira levou a DGS a racionar a distribuição de preservativos a instituições por não ter liquidez para manter os stocks adequados.

Multas das taxas moderadoras – a hipótese de as Finanças cobrarem multas pelo não pagamento de taxas moderadoras foi legislada em 2011 mas nunca avançou. O BE quer agora a revogação deste pressuposto legal, alertando que esta regra corre o risco de gerar a confusão que se instalou quando a Autoridade Tributária começou a cobrar as taxas de passagem nas ex-scut, “fazendo de pequenas dívidas grandes dívidas e procedendo a execuções fiscais e penhoras”.

Recrutamento excecional de enfermeiros – autoriza os serviços de saúde do setor público administrativo (centros de saúde e alguns hospitais) a recrutar enfermeiros com contratos de funções públicas por tempo indeterminado, mediante um despacho das Finanças e Saúde.

PCP

Comparticipação das fórmulas para bebés prematuros – O PCP quer a comparticipação a 100% de todos os produtos diatéticos e suplementos alimentares destinados aos bebés prematuros que nasçam antes das 28 semanas (um terço dos 50 mil prematuros do país). A comparticipação deve abranger leites e outros suplementos. O grupo parlamentar refere que, de acordo com informações recolhidas, um agregado familiar chega a gastar por mês 300 e 400 euros com estes produtos.

Substituir tarefeiros por contratados – determina que o governo deve proceder à substituição do recurso a empresas de trabalho temporário e subcontratação de profissionais de saúde por vínculos de contrato de emprego público.

Isenção para doentes crónicos – defende o alargamento da isenção de taxas moderadoras para pessoas com doença crónica a identificar numa portaria do Ministério da Saúde. Os doentes crónicos perderam a isenção das taxas moderadoras em 2011.

– Vagas para todos os internos – O PCP pretende assegurar que todos os internos têm vaga para o acesso à formação na especialidade médica. Em 2015, pela primeira, 114 jovens médicos não tiveram acesso à especialidade. Este ano não tiveram vaga 158 recém-licenciados, além dos que desistiram de prosseguir a formação na especialidade no país.

Combate à toxicodependência – Pede um levantamento às consequências da extinção do Instituto da Droga e Toxicodependência (substituído em 2012 pelo SICAD, um serviço do ministério da Saúde em vez de um organismo independente) e defende a criação de uma nova entidade autónoma para lidar com toxicodependência, alcoolismo e outras dependências.

Mais genéricos – Pretende a fixação de uma meta mais ambiciosa para a utilização de genéricos. Devem representar 40% da despesa nacional com medicamentos vendidos nas farmácias (atualmente pesam 27%). O PCP estima uma poupança de 200 milhões de euros para o SNS e de 100 milhões para os doentes.

PAN

Isenção da taxa adicional do IMI – O PAN defende a isenção do “imposto Mortágua” para todos os prédios urbanos licenciados para a prestação de cuidados de saúde.

Reforço de nutricionistas – Propõe rácios para a contratação de nutricionistas: um por cada 20 mil utentes dos cuidados primários, um por cada 50 camas de hospitais oncológicos centrais, um por cada 75 camas de outros hospitais e um por cada unidade de cuidados continuados.

Reforço de psicólogos – Da mesma forma, defende a contratação de psicólogos com o rácio de um profissional para cada 5000 habitantes.

Rede de optometristas – Propõe uma experiência piloto de um ano com a contratação de dois optometristas para 40 hospitais, num total de 80 técnicos. O objetivo é melhorar o acesso a cuidados primários de saúde visual.

Aveia com IVA reduzido – O PAN pretende a inclusão de flocos prensados simples de cereais e leguminosas sem adições de açúcar na lista de produtos com taxa intermédia de IVA (13%).

Banha mais cara – O grupo parlamentar defende ainda que banha e outras gorduras de porco sejam retiradas da lista de bens essenciais ou de primeira necessidade com IVA de 6%.