É fácil e barato bater em Donald Trump


Acreditar que Trump vai mudar o mundo radicalmente para pior parece-me uma bizarria.


Estive a acompanhar as eleições americanas até ao fim e depois fui deitar-me. Quando acordei e me liguei ao mundo através do telemóvel e todos os seus “associados”, pensei, por momentos, que estávamos outra vez a assistir à Guerra dos Mundos, orquestrada por Orson Welles, não na rádio, mas nas redes sociais. É o fim do mundo, o medo venceu, a América enlouqueceu, foram algumas das máximas na rede. Só faltou dizerem que os marcianos tinham aterrado em Nova Iorque…

De repente descobrimos milhares de especialistas em política internacional, e Donald Trump, o futuro presidente norte-americano, é homofóbico, racista, inimigo dos animais, vai deportar todos os latinos e árabes e, mais importante do que tudo, tem o dedo que pode acionar a bomba atómica. 

É óbvio que o homem disse umas tantas alarvidades para conquistar um eleitorado mais radical. Mas caberá na cabeça de alguém que ele vá expulsar as forças que fazem o trabalho que nenhum americano quer fazer? E que leve adiante a ideia/“bocarra” de expulsar os muçulmanos? E que persiga os homossexuais? O país que gosta de se gabar de ser o número um do mundo iria recuar até à Idade Média (que não viveu)? Não me parece, e acho que o mundo está a fazer uma tempestade num copo de água. Que Trump é um provocador, parece-me uma evidência. Mas quantos provocadores não estão à frente de outros países muito elogiados? 

Trump seguiu um caminho de provocação durante a campanha eleitoral mas, como é lógico, esse caminho acabou com a sua eleição. Se assim não for, não terá um futuro muito promissor e os interesses instalados tratarão de o ajudar a descobrir a “verdade”. Acreditar que Trump vai mudar o mundo radicalmente para pior parece-me uma bizarria. O novo presidente mostrou o seu lado de comediante e de palhaço durante a campanha, agora vestirá o fato de presidente e a conversa será outra… Mas aguardemos para ver se Trump não ficará na história dos americanos como o Ronald Reagan do século XXI.