O SOL conversou com Pedro Rodrigues, o antigo presidente da Juventude Social Democrata e ex-deputado do PSD que dirige agora uma plataforma alternativa à liderança de Pedro Passos Coelho, que até chegou a apoiar enquanto presidente da ‘jota’.
Rodrigues deixou esclarecido que «não é um think-tank nem uma tertúlia ou um grupo de amigos; é um grupo de intervenção política e será consequente que poderá vir a apresentar uma ou várias moções no próximo Congresso».
A primeira iniciativa do grupo está marcada para o final de novembro, onde também surgirão «caras novas e conhecidas». Rodrigues fez também saber que terão «iniciativas nos órgãos próprios do partido como dita a tradição de pluralidade do PSD».
Porquê aparecer agora?
Tivemos 30 anos de prosperidade e estamos numa séria recessão há nove. É nestes períodos mais difíceis que a social-democracia tem que vir ao de cima, pensar no acesso ao Serviço Nacional de Saúde, o sistema de pensões e apostar no enorme desafio das politicas sociais. Não queríamos aparecer nem depois das legislativas nem em vésperas das autárquicas.
E o Governo anterior falhou nisso?
Tenho muito respeito pelo que Passos Coelho fez como primeiro-ministro. Foram tempos de muita responsabilidade. A última governação foi uma governação de emergência em que o PSD saiu esbatido ideologicamente. Depois do período de assistência, já não tem que ser assim. Há um património histórico e identitário do partido que é preciso relembrar.
Mas o problema atual na política interna não é precisamente o excesso de ideologia?
O PS está num processo de radicalização que não tem só a ver com a solução de governo. Não é a conjuntura das esquerdas que radicaliza o PS, é a própria estrutura do Partido Socialista que defende essa radicalização. É ver a entrevista recente do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. O eleitorado do centro está órfão e o PSD é o único partido em condições de recuperá-lo. Cativar a classe média, a sociedade civil, a academia, a cultura.
E a oposição atual, como está, não o conseguirá?
Estar à espera do descalabro da geringonça ou da deterioração económica do pais não é a melhor maneira de responder ao sufoco fiscal que o PS promove.
Então como fazê-lo?
Fazendo propostas moderadas mas ativas. Discutir a educação, a sustentabilidade do SNS ou a reforma da Segurança Social, por exemplo.
Quando o ministro Santos Silva diz que a oposição do PSD é firme e clara, o que pensa?
O número 2 do Governo devia preocupar-se com o PS até porque tem muito com que preocupar-se. As responsabilidades do PSD são com o PSD e o partido assume-as até porque o PSD não é só parlamento ou só a direção; são as pessoas de Oliveira de Azeméis a Évora.