A entrevista de Passos Coelho da semana passada demonstrou a total paralisia em que se encontra o maior partido de oposição e o seu líder. Passos Coelho não foi capaz de apresentar uma ideia galvanizante para o país e nem sequer referiu uma única crítica consistente ao governo da geringonça, apesar de esse governo todos os dias massacrar os portugueses com a reversão de reformas essenciais e o brutal aumento de impostos.
Perante as sondagens que diariamente anunciam uma queda consistente do PSD, o que Passos Coelho diz é que não comenta sondagens, mas que até acha estranho que, com tudo o que o governo tem feito, não esteja com o apoio de 45% ou 50% do país. Parece, portanto, que o PSD deve ficar satisfeito com a sua queda contínua nas sondagens e só deve começar a preocupar–se quando o PS chegar aos 50%.
E em relação às eleições autárquicas, Passos Coelho assume-se mais uma vez paralisado. Quando lhe perguntam se apresentar um candidato a Lisboa depois de os outros estarem já no terreno não pode ser tarde demais para o PSD, diz espantosamente: “Há sempre esse risco. Eu direi: agora é cedo demais e espero que a escolha não venha a ser tarde demais.” Mas se há esse risco, o que espera para apresentar já o seu candidato a Lisboa? Pelo contrário, Passos Coelho parece já estar a atirar a toalha ao chão quando diz que “não ganhar Lisboa e Porto não é uma derrota”. Então será o quê, uma vitória?
Passos Coelho tem manifestamente uma atitude displicente perante as eleições. Já chegou uma vez a anunciar: “Que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal.” O resultado foi que, de facto, se lixaram as últimas eleições, tendo o seu governo perdido a maioria no parlamento. E Portugal ainda mais lixado ficou, uma vez que agora tem de suportar um governo que está a conduzir o país ao descalabro. Quer Passos Coelho repetir outra vez essa sua atitude? É que, se de facto quer, há que perguntar por que razão há de ir o partido atrás dele? Diz ele também na entrevista que quer cumprir o seu mandato até ao fim. Para quê?