Nobel da Paz. Líder das FARC prefere uma solução pacífica em vez de prémios

Nobel da Paz. Líder das FARC prefere uma solução pacífica em vez de prémios


Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, foi distinguido pelos seus esforços nas negociações de paz com a guerrilha


O desapontamento criado pelo chumbo, em referendo, no passado fim de semana, do acordo de paz histórico, alcançado pelo governo colombiano e pelos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), não foi determinante para o comité norueguês, na hora de atribuir o Prémio Nobel da Paz ao presidente do país, Juan Manuel Santos, esta sexta-feira. Mas do outro lado da mesa das negociações há quem prefira a paz ao prémio.

Pouco depois de conhecido o nome do vencedor do prestigiado galardão, o líder das FARC, Rodrigo Londoño – mais conhecido pelo seu nome de guerra, Timoshenko – publicou uma mensagem na rede social Twitter, na qual refere que o único prémio que o movimento que lidera aspira é o da “paz com justiça social, para a Colômbia, sem paramilitarismo, sem retaliações e sem mentiras”.

O acordo alcançado em Havana, Cuba, e assinado em Cartagena, na Colômbia, tinha como objetivo pôr fim ao sangrento conflito, com cerca de 52 anos, e do qual resultaram mais de 250 mil mortos e perto de 6 milhões de deslocados. No passado domingo, os colombianos foram chamados a passar a página da guerra e a referendar o acordo. Por uma curta margem: 50,2% disseram não à paz, contra 49,765% que votaram sim.

“O [resultado do] referendo não foi um voto contra a paz”, considerou a porta-voz do comité norueguês, Kaci Kullmann Five , depois de anunciar o nome de Juan Manuel Santos. “Os que votaram não rejeitaram o desejo da paz, mas um acordo específico para a paz”, acrescentou.

O acordo previa que as FARC se transformassem em partido político e que os seus 5765 combatentes se concentrassem em 20 zonas para poderem ser desarmados. Este processo, com a duração de seis meses, seria supervisionado pelas Nações Unidas e previa um plano de reinserção na vida civil desses combatentes.

O comité justificou a entrega do prémio ao presidente da Colômbia pelos seus “esforços decisivos” no sentido de tentar pôr fim à guerra civil no país. Resta saber se a legitimidade política de Santos para fazer a paz, colocada em causa pelo resultado da consulta do passado fim de semana, pode ser restaurada através da atribuição deste prémio.