“Como Costa Montou a Geringonça em 54 Dias” é o livro das jornalistas Márcia Galrão e Rita Tavares que nos dá a conhecer os passos que António Costa engendrou para ser primeiro-ministro, caso perdesse as eleições, em outubro de 2015. Mas além de sabermos como correram as negociações, é importante compreendermos porque é que o líder do PS percebeu que era indispensável transformar uma derrota numa vitória.
Os últimos dias foram recheados de notícias desastrosas para os partidos socialistas europeus. O PSOE, fortemente penalizado nas eleições regionais na Galiza e no País Basco, viu o seu líder demitir-se num jogo de forças com os seus camaradas apoiados por Felipe González, um histórico socialista moderado de tempos idos.
No Reino Unido, Jeremy Corbyn convocou primárias, que mais não são que plebiscitos modernos que confundem vontade das massas com democracia, e ganhou para si o Labour. Veremos com que consequências, com o possível afastamento do eleitorado moderado para outros partidos.
Com o PASOK, na Grécia, reduzido a cinzas, e o PSF, de Hollande e Valls, pelas ruas da amargura, os socialistas europeus estão em vias de extinção. Evitar esse destino foi a decisão de Costa, por muito que uma aliança com a extrema-esquerda seja custosa para o país. Mais que querer governar, Costa sabe que só no poder pode evitar que o PS siga o caminho dos outros partidos socialistas. Não é, pois, difícil de concluir que o destino de Portugal está intimamente ligado à necessidade de sobrevivência do PS.