Faz agora um ano que se constituiu o governo mais à esquerda em Portugal desde o tempo de Vasco Gonçalves. E como seria de esperar, ameaça repetir totalmente o desastre económico em que Vasco Gonçalves deixou o país. A diferença é que Vasco Gonçalves teve uma feroz oposição, chefiada pelo PS de Mário Soares, que uniu à sua volta todos os partidos democráticos. Mas, hoje, quem está no governo é o PS de António Costa, que em nada se distingue dos partidos de extrema-esquerda, cujo programa tem, aliás, vindo a executar integralmente. Só que a oposição é totalmente inexistente, parecendo que os partidos do centro-direita estão completamente adormecidos, à espera de que Deus ou o diabo lhes devolvam o poder.
Neste momento, era fundamental existir desde já a criação de uma alternativa consistente nas eleições autárquicas, e a Câmara de Lisboa, pelo seu simbolismo, deveria ser objeto de particular atenção. Lisboa é, neste momento, gerida por uma figura de segunda linha do PS que se tem comprazido em tornar a vida num inferno aos lisboetas, seja com a multiplicação de taxas abusivas, seja com as inúteis obras infindáveis que todos os dias inicia. Uma candidatura comum dos partidos da oposição seria, por isso, facilmente vitoriosa. Mas parece que os partidos da oposição preferem combater-se entre si a combater o PS em Lisboa. É assim que o CDS lança, a partir de Oliveira do Bairro, a sua própria líder contra o irrelevante Medina, e o PSD continua à espera de Godot, apesar de, como na peça, se estar sempre a anunciar que ele hoje não virá, talvez amanhã. Só o PSD/Lisboa é que começou a preparar a batalha, recorrendo a José Eduardo Martins, que seria seguramente um excelente candidato à capital.
É mais do que tempo de a oposição quebrar o imobilismo e iniciar desde já a preparação do combate autárquico. A lebre que fica à espera perde com a tartaruga.
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Escreve à terça-feira