Tribunal de Contas. Marcelo espera atuação “sem complacência” contra os que “prevaricam”

Tribunal de Contas. Marcelo espera atuação “sem complacência” contra os que “prevaricam”


Vítor Caldeira tomou posse como Presidente do TdC. E o Presidente alertou-o de que vai ser alvo de constante “escrutínio”


O Presidente da República quer um Tribunal de Contas que atue “sem complacências ou hesitações” perante aqueles que “prevariquem”. Mas deixou um aviso. “Que se não generalize o que não pode nem deve ser generalizado, apoucando ou menorizando uma Administração Pública que merece ser respeitada e acalentada”.

Foi este o recado deixado por Marcelo Rebelo de Sousa, esta segunda-feira, num discurso na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, após a tomada de posse de Vítor Caldeira como novo presidente do Tribunal de Contas (TdC).

Constante “escrutínio” 

O chefe de Estado classificou o TdC como “a peça chave na fiscalização do cumprimento, da legalidade administrativa em sentido amplo”, mas também como uma instituição de “prestígio inquestionável” e com “uma história de isenção e competência”.

E é com este “património inestimável” que Vítor Caldeira irá contar, realçou Marcelo, para lidar com o constante “escrutínio” de que será alvo. “Não vai ter um dia em que o modo como o Tribunal de Contas escrutina a Administração Pública não seja ele próprio escrutinado por toda a sociedade portuguesa”.

Referindo-se ao presidente empossado, Marcelo descreveu-o como sendo alguém com “um espírito reformista”, “uma rigorosa clarividência” e  com “uma constante sensatez”.

Experiência europeia no TdC

Vítor Caldeira trabalhou durante 16 anos no Tribunal de Contas Europeu, dos quais nove enquanto presidente do organismo. “É o momento de usar a enriquecedora experiência que adquiri no Tribunal de Contas Europeu em benefício do Tribunal de Contas de Portugal, animado do mesmo espírito de missão e de serviço à causa pública”, afirmou o atual Presidente do Tribunal de Contas.

“Transparência e ‘accountability’ são atributos da moderna gestão pública, mas também princípios que a par do rigor, da objetividade e da independência deve presidir à atuação do Tribunal de Contas, em benefício de todos os cidadãos e de Portugal”, concluiu.

Vítor Caldeira vai substituir Guilherme d’Oliveira Martins – que esteve presente na cerimónia -, a quem o chefe de Estado agradeceu “o desempenho longo e excecionalmente competente”.

Recorde-se que Guilherme d’Oliveira Martins pediu a exoneração do cargo, no passado mês de outubro, para ir para a administração executiva da Fundação Calouste Gulbenkian.

Na cerimónia de posse, estiveram ainda o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Administrativo e ainda os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Presidência, das Finanças, da Justiça, Adjunto e do Trabalho.