Queremos mais estacionamento?


Não se pode promover o uso da bicicleta ao mesmo tempo que se estimula o incremento do automóvel


Se cada cidadão eleitor em Lisboa e no Porto tivesse um automóvel próprio, as viaturas estacionadas nas nossas ruas ocupariam 6,2% e 6,5% das respetivas áreas da cidade. Se a esse número acrescermos o da média diária estimada de automóveis que entram nas duas cidades (700 mil e 70 mil), podíamos ter o território de cada uma das cidades ocupado em 14,9% e 8,6% por estacionamento automóvel – o que poderá não andar longe do que sucede atualmente. Em Lisboa, os cerca de 1500 hectares potencialmente ocupados por automóveis correspondem à área de duas freguesias de Marvila ou sete Arroios.

Estes números servem para se perceber a radicalidade do problema e a necessidade urgente de construir políticas que alterem esta escalada de ocupação do território. A circulação dentro da cidade ou a existência de famílias com frota automóvel a residir em contexto urbano devem ser desincentivadas, ao mesmo tempo que o custo dos transportes públicos deve diminuir e a sua frequência e qualidade aumentarem. Por outro lado, devem ser aceleradas as políticas de incentivo à mobilidade pedonal e ciclovias que têm vindo a ser desenhadas.

O sucesso do movimento de vizinhos do Jardim do Caracol da Penha, em Lisboa – que mobilizou a população através de uma petição entregue na Assembleia Municipal e terá conseguido travar a pretensão da EMEL de construir, no decorrer deste verão, um parque de estacionamento a céu aberto nos terrenos de uma antiga quinta com 1 hectare, numa das zonas de Lisboa com maior carência de espaços verdes – deve ser motivo de reflexão. A resposta ao problema de estacionamento tem de deixar de ser sempre a criação de mais estacionamento. Temos inúmeros casos que demonstram que a afetação de mais espaço urbano a lugares de estacionamento não só não resolve como, a médio prazo, agrava o problema, incrementando a solução do transporte individual.

Sendo certo que esta questão não se resolve da noite para o dia nem com um decreto, devemos trabalhar para que as decisões vão todas no mesmo sentido. Não se pode promover o uso da bicicleta ao mesmo tempo que se estimula o incremento do automóvel e tem de se perceber que, em certas circunstâncias, a criação de uma nova carreira de autocarro pode resolver um problema de estacionamento.

Escreve à segunda-feira


Queremos mais estacionamento?


Não se pode promover o uso da bicicleta ao mesmo tempo que se estimula o incremento do automóvel


Se cada cidadão eleitor em Lisboa e no Porto tivesse um automóvel próprio, as viaturas estacionadas nas nossas ruas ocupariam 6,2% e 6,5% das respetivas áreas da cidade. Se a esse número acrescermos o da média diária estimada de automóveis que entram nas duas cidades (700 mil e 70 mil), podíamos ter o território de cada uma das cidades ocupado em 14,9% e 8,6% por estacionamento automóvel – o que poderá não andar longe do que sucede atualmente. Em Lisboa, os cerca de 1500 hectares potencialmente ocupados por automóveis correspondem à área de duas freguesias de Marvila ou sete Arroios.

Estes números servem para se perceber a radicalidade do problema e a necessidade urgente de construir políticas que alterem esta escalada de ocupação do território. A circulação dentro da cidade ou a existência de famílias com frota automóvel a residir em contexto urbano devem ser desincentivadas, ao mesmo tempo que o custo dos transportes públicos deve diminuir e a sua frequência e qualidade aumentarem. Por outro lado, devem ser aceleradas as políticas de incentivo à mobilidade pedonal e ciclovias que têm vindo a ser desenhadas.

O sucesso do movimento de vizinhos do Jardim do Caracol da Penha, em Lisboa – que mobilizou a população através de uma petição entregue na Assembleia Municipal e terá conseguido travar a pretensão da EMEL de construir, no decorrer deste verão, um parque de estacionamento a céu aberto nos terrenos de uma antiga quinta com 1 hectare, numa das zonas de Lisboa com maior carência de espaços verdes – deve ser motivo de reflexão. A resposta ao problema de estacionamento tem de deixar de ser sempre a criação de mais estacionamento. Temos inúmeros casos que demonstram que a afetação de mais espaço urbano a lugares de estacionamento não só não resolve como, a médio prazo, agrava o problema, incrementando a solução do transporte individual.

Sendo certo que esta questão não se resolve da noite para o dia nem com um decreto, devemos trabalhar para que as decisões vão todas no mesmo sentido. Não se pode promover o uso da bicicleta ao mesmo tempo que se estimula o incremento do automóvel e tem de se perceber que, em certas circunstâncias, a criação de uma nova carreira de autocarro pode resolver um problema de estacionamento.

Escreve à segunda-feira