Rússia. Hackers acusam norte-americanas de ter recorrido a doping nos Jogos Olímpicos

Rússia. Hackers acusam norte-americanas de ter recorrido a doping nos Jogos Olímpicos


Um grupo de piratas informáticos russos acedeu ilegalmente à base de dados da Agência Mundial Anti-Dopagem (WADA) e divulgou, na passada terça-feira, relatórios médicos confidenciais das irmãs Williams, de Simone Biles e de Elena Delle Donne. Pelo meio, acusam-nas de ter usado substâncias ilegais durante as provas do Rio2016.


“Vamos contar-vos como são ganhas as medalhas olímpicas”, pode ler-se na mensagem de abertura do site do grupo de hackers, autodenominado de Fancy Bears (Ursos Elegantes). “Vamos começar pela equipa dos EUA, que desonrou o seu nome com vitórias manchadas. Mais tarde, vamos também revelar informações exclusivas sobre outras equipas (…) Esperem, a qualquer momento, por provas sensacionais de atletas famosos que tomaram substâncias dopantes”, continua o comunicado.

Tal como prometido acima, foram divulgados relatórios pormenorizados sobre membros da equipa dos EUA. Os piratas informáticos acusam a ginasta artística Simone Biles, vencedora de quatro medalhas de ouro no Rio, de ter acusado positivo num teste anti-doping, realizado em agosto, tendo sido detetado um “psicoestimulante ilícito”.

Biles não tardou a responder. Numa mensagem partilhada no Twitter, na terça-feira, confessa que teve de tomar a dita medicação, porque padece de perturbação de hiperatividade e défice de atenção, algo que “não a envergonha”.

A informação médica de Venus e Serena Williams, jogadoras de ténis, e da basquetebolista Elena Delle Donne, foi também revelada pelos Fancy Bears, que avisam, ainda assim, que a divulgação dos seus relatórios “é apenas a ponta do iceberg”.

A WADA admitiu, entretanto, através de um comunicado, que o sistema informático foi hackeado pelo grupo russo e teme que o conteúdo da informação confidencial, que vier a ser tornada pública, “pode representar uma ameaça” para os atletas em causa. Olivier Niggli, diretor geral daquele organismo, acredita que “este ato criminoso” é uma “tentativa de enfraquecer a WADA e o sistema global de anti-dopagem”.

Fontes ligadas ao Kremlin negaram qualquer envolvimento com os Fancy Bears e com a divulgação da informação confidencial, informa o “New York Times”. Mas a cadeia britânica BBC deixa no ar a hipótese de estarmos perante um “ato de vingança” russa, ainda que sem ligações aparentes com as autoridades. 

Recorde-se que grande parte dos atletas russos foi impedida de participar nos Jogos Olímpicos, em diversas modalidades, devido a casos de doping. Os atletas paralímpicos foram mesmo banidos de todas as provas.