Hipermercados. Promoções já representam quase metade das vendas

Hipermercados. Promoções já representam quase metade das vendas


As marcas dos fabricantes ganharam quota de mercado passando de 65,3% para 66,7% do total das vendas


As vendas promocionais nos hipermercados passaram de 39,7% no primeiro semestre de 2015 para 44,8% nos primeiros seis meses deste ano e a tendência é para continuarem a crescer, admite a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED). 

“A atividade promocional deve continuar a crescer”, afirmou Ana Isabel Trigo de Morais durante a apresentação do Barómetro de Vendas APED relativo ao primeiro semestre de 2016. E a explicação para esta tendência é simples: “O consumidor tornou-se um fã” das promoções, muito assentes nos folhetos e em produtos que fazem parte do chamado “cabaz básico” alimentar, de que os hipermercados usam e abusam para atrair os consumidores.

Além de serem uma “evidência da dinâmica concorrencial”, as promoções mostram que o fator preço continua a ser decisivo para quem compra. E os números falam por si: nos primeiros seis meses do ano, as marcas dos fabricantes ganharam quota de mercado, passando de 65,3% para 66,7% das vendas, enquanto o peso das marcas da distribuição recuou 1,4 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

Vendas sobem Os dados do setor revelam ainda que as vendas do retalho aumentaram 1,8% no primeiro semestre do ano para 8,6 mil milhões de euros, impulsionadas pelo setor alimentar. Este registou um acréscimo de 3,5% no volume de vendas para cinco mil milhões de euros, com destaque para o aumento de 9,8% da categoria Perecíveis. Esta subida revela, de acordo com a presidente da APED, que há uma maior preocupação dos consumidores com a saúde e com o bem-estar. “O aumento muito expressivo dos perecíveis, como as frutas, legumes e vegetais, indica que há alterações de consumo e maiores preocupações com a saúde e o bem-estar”, disse. 

No entanto, nesta categoria, os laticínios foram o que registaram a maior queda, com o consumo a cair 2,4% – uma situação que, de acordo com Ana Isabel Trigo de Morais, só poderá ser ultrapassada se existirem campanhas fortes para impulsionar o aumento do consumo de leite e “desmistificar” mitos sobre os alegados impactos deste alimento na saúde humana.

Já o setor não alimentar apresentou um decréscimo de 0,7%, tendo sido influenciado pelo consumo de combustíveis, cujos preços são inferiores aos do primeiro semestre de 2015.

O mercado de linha branca (equipamentos para o lar como máquinas de lavar roupa e loiça e frigoríficos) foi o que mais cresceu (11%), aumentando a faturação para 202 milhões de euros entre janeiro e junho de 2016 face ao semestre homólogo, em contraste com a fotografia, que perdeu 13,8% para 25 milhões de euros.

Por outro lado, a quota de mercado dos hipermercados está a cair (menos 0,3 pontos percentuais), enquanto a dos supermercados subiu 0,8 pontos, à semelhança das discounters (lojas mais baratas), que aumentaram 0,6 pontos percentuais.

OE 2017 influencia consumo Apesar deste crescimento, Ana Isabel Trigo de Morais mostra-se cautelosa em relação às perspetivas até ao final do ano e culpa a instabilidade em relação aos comportamentos de consumo. “Os consumidores estão cada vez mais voláteis e os indicadores de confiança na evolução da economia e do país têm tido grandes subidas e grandes descidas, e há uma grande instabilidade do comportamento do consumidor, que é capaz de travar de repente e influencia todo o comportamento do mercado”, revela a responsável. Ainda assim, admite que o próximo Orçamento será decisivo para ditar tendências de consumo. “Estamos muito atentos ao que se vai discutir. Já há uma elevada carga fiscal sobre as famílias e onerar ainda mais terá imediatamente impacto sobre o consumo”, alerta.