Índia e Goa – 2007 e 2017


A paisagem de Goa, as suas igrejas, as suas ruas, o seu comércio, os nomes das lojas e das suas praças fazem-nos sentir junto a casa e às nossas origens familiares.


“Devemos muito aos indianos, que nos ensinaram a contar, técnica sem a qual nenhuma descoberta científica relevante poderia ter sido feita.” Albert Einstein

Há mais de dez anos integrei a comitiva oficial do Presidente da República Portuguesa, numa visita de Estado à Índia. Dessa comitiva oficial fizeram parte várias personalidades da vida económica, empresarial, cultural, social, política e de outras áreas do nosso país, que o acompanharam quase duas semanas, a várias regiões da índia. Algumas dessas regiões eram territórios com maior potencial de cooperação económica e empresarial. Também nessa visita oficial foram feitas visitas a diversas cidades e regiões com maior peso histórico, cultural e até turístico, nas relações com Portugal e com os portugueses. Desde Nova Deli, Bangalore, Bombaim e até Goa, os contactos institucionais e até os acordos assumidos e negociados ao nível comercial e empresarial foram muitos, permitindo estreitar as nossas relações diplomáticas, políticas, culturais e empresariais com a Índia, um dos países mais populosos do mundo. Já há época, a Fundação Champalimaud esteve presente, através da sua presidente Leonor Beleza, reforçando relações com outros parceiros na área da saúde, em particular, com projetos concretos na área da oftalmologia. 

Nessa visita, conhecemos e percebemos, como a Índia se estava a preparar para enfrentar os desafios da concorrência regional e mundial no século XXI. E nos dias em que estivemos nas várias “índias”, percebi, o quanto aquele país, iria ser um ator político e económico a ter em conta. E como países como o nosso, deveriam fazer tudo para estimular a aproximação não só diplomática, como também cultural, económica, social e política.

Foram vários os episódios que marcaram esta visita oficial à Índia, muito diferente da visita que Mário Soares tinha feito em 1992. E que ficou na memória de muita gente como uma visita de muita pompa e onde o então Presidente português apareceu em Jaipur a passear em cima de um elefante, trajando a preceito, como um marajá.

A visita oficial de Aníbal Cavaco Silva, foi muito diferente. Foi planeada e ocorreu com um forte cunho económico. Preparada a preceito por Nunes Liberato e Pedro Almeida, teve quase 70 empresários portugueses e restante comitiva a participar em seminários económicos, conferências económicas para dar a conhecer Portugal e tendo em vista acordos entre os dois países, mas também acordos entre várias associações e empresas, quer da Índia quer de Portugal.

De um lado, um país com o dobro da população de toda a União Europeia (1,1 mil milhões de pessoas). Do outro lado, um país da União Europeia com apenas dez milhões de habitantes.

Soube-se recentemente que o primeiro-ministro António Costa vai no início de 2017 visitar a Índia. Ele que é de origens goesas. Como vários outros portugueses e portuguesas.

Eu também do lado familiar da minha mulher tenho (temos) raízes goesas.

E em 2007, há quase dez anos, visitei também Goa. Que é uma pérola da Índia e não há que esconder, da história portuguesa. Para além de pérola é também uma lição. Uma lição de história, de cultura, de encontro de coisas simples aparentemente, mas fortes nas emoções e nas memórias. Que nos transporta para o povo cosmopolita que sempre fomos. Goa, explicaram-me no seu território, em 2007, é uma espécie de Algarve da Índia. Não muito populoso para Estado dentro da União indiana, mas com indicadores económicos e sociais acima da média de vários outros Estados. A paisagem de Goa, as suas igrejas, as suas ruas, o seu comércio, os nomes das lojas e das suas praças fazem-nos sentir junto a casa e às nossas origens familiares. Que me desculpem, mas apesar de ficar tão longe em tempo e em milhas, parece-me muito próxima por afetos e emoções. Não é saudosismo. É história e cultura que não se perderam. Daí que faça sentido que a próxima visita à Índia e a Goa do primeiro-ministro de Portugal, deva ter em conta as características da visita de Cavaco Silva em 2007. Para bem dos dois povos e dos dois países. países. 


Índia e Goa – 2007 e 2017


A paisagem de Goa, as suas igrejas, as suas ruas, o seu comércio, os nomes das lojas e das suas praças fazem-nos sentir junto a casa e às nossas origens familiares.


“Devemos muito aos indianos, que nos ensinaram a contar, técnica sem a qual nenhuma descoberta científica relevante poderia ter sido feita.” Albert Einstein

Há mais de dez anos integrei a comitiva oficial do Presidente da República Portuguesa, numa visita de Estado à Índia. Dessa comitiva oficial fizeram parte várias personalidades da vida económica, empresarial, cultural, social, política e de outras áreas do nosso país, que o acompanharam quase duas semanas, a várias regiões da índia. Algumas dessas regiões eram territórios com maior potencial de cooperação económica e empresarial. Também nessa visita oficial foram feitas visitas a diversas cidades e regiões com maior peso histórico, cultural e até turístico, nas relações com Portugal e com os portugueses. Desde Nova Deli, Bangalore, Bombaim e até Goa, os contactos institucionais e até os acordos assumidos e negociados ao nível comercial e empresarial foram muitos, permitindo estreitar as nossas relações diplomáticas, políticas, culturais e empresariais com a Índia, um dos países mais populosos do mundo. Já há época, a Fundação Champalimaud esteve presente, através da sua presidente Leonor Beleza, reforçando relações com outros parceiros na área da saúde, em particular, com projetos concretos na área da oftalmologia. 

Nessa visita, conhecemos e percebemos, como a Índia se estava a preparar para enfrentar os desafios da concorrência regional e mundial no século XXI. E nos dias em que estivemos nas várias “índias”, percebi, o quanto aquele país, iria ser um ator político e económico a ter em conta. E como países como o nosso, deveriam fazer tudo para estimular a aproximação não só diplomática, como também cultural, económica, social e política.

Foram vários os episódios que marcaram esta visita oficial à Índia, muito diferente da visita que Mário Soares tinha feito em 1992. E que ficou na memória de muita gente como uma visita de muita pompa e onde o então Presidente português apareceu em Jaipur a passear em cima de um elefante, trajando a preceito, como um marajá.

A visita oficial de Aníbal Cavaco Silva, foi muito diferente. Foi planeada e ocorreu com um forte cunho económico. Preparada a preceito por Nunes Liberato e Pedro Almeida, teve quase 70 empresários portugueses e restante comitiva a participar em seminários económicos, conferências económicas para dar a conhecer Portugal e tendo em vista acordos entre os dois países, mas também acordos entre várias associações e empresas, quer da Índia quer de Portugal.

De um lado, um país com o dobro da população de toda a União Europeia (1,1 mil milhões de pessoas). Do outro lado, um país da União Europeia com apenas dez milhões de habitantes.

Soube-se recentemente que o primeiro-ministro António Costa vai no início de 2017 visitar a Índia. Ele que é de origens goesas. Como vários outros portugueses e portuguesas.

Eu também do lado familiar da minha mulher tenho (temos) raízes goesas.

E em 2007, há quase dez anos, visitei também Goa. Que é uma pérola da Índia e não há que esconder, da história portuguesa. Para além de pérola é também uma lição. Uma lição de história, de cultura, de encontro de coisas simples aparentemente, mas fortes nas emoções e nas memórias. Que nos transporta para o povo cosmopolita que sempre fomos. Goa, explicaram-me no seu território, em 2007, é uma espécie de Algarve da Índia. Não muito populoso para Estado dentro da União indiana, mas com indicadores económicos e sociais acima da média de vários outros Estados. A paisagem de Goa, as suas igrejas, as suas ruas, o seu comércio, os nomes das lojas e das suas praças fazem-nos sentir junto a casa e às nossas origens familiares. Que me desculpem, mas apesar de ficar tão longe em tempo e em milhas, parece-me muito próxima por afetos e emoções. Não é saudosismo. É história e cultura que não se perderam. Daí que faça sentido que a próxima visita à Índia e a Goa do primeiro-ministro de Portugal, deva ter em conta as características da visita de Cavaco Silva em 2007. Para bem dos dois povos e dos dois países. países.