Reconhecer que o programa do PS “dificilmente” responderia “às questões de fundo do país” mas que era a única forma de “evitar a caminhada de PSD/CDS-PP” é confirmar que a formação do tal governo patriótico e de esquerda é um embuste encontrado num subterfúgio constitucional.
Não há governo patriótico e de esquerda nenhum. Há sim uma amálgama de intenções que apenas encontram conforto num derradeiro objetivo comum. Forçar a subsistência de um falso governo, de um falso patriotismo e de uma falsa esquerda que impeça a alternativa de governar.
Os sinais do golpe têm sido óbvios. E não são só do PCP. Catarina Martins diz também se arrepender todos os dias da geringonça não percebendo que com cada estado de alma que torna público, e são tantos, destapa o fundamento da sua criação. Já nem António Costa se refreia. Ainda há poucos dias o ouvimos comparar o PSD e Passos Coelho a um comboio que nunca mais voltará.
O problema disto tudo não está evidentemente no facto de termos de suportar a existência desta mediocridade de governo cheio de angustiantes intenções. Nem está no facto de quando a boca a lhes foge para a verdade assumirem que nos tratam como atrasados mentais.
O problema está naturalmente em deixarmos, diria mesmo continuarmos a deixar, que nos tratem como atrasados mentais. Este pode não ser um golpe constitucional, mas é sem dúvida um golpe de caráter. Já imaginou se fosse a “direita” a fazer o mesmo?