Há ouro de novo no imobiliário. Os números mais recentes das autorizações de residência para atividade de investimento (ARI), contabilizando já o mês de julho de 2016, confirmam a tendência em alta desta via de captação de investimento estrangeiro, grande parte do qual é obtido através do imobiliário.
No corrente ano de 2016 já foram concedidos mais vistos que no ano de 2015, num crescimento muito positivo a refletir a normalização do mercado e a confirmar o tempo perdido com uma recente, e felizmente passada, estagnação do programa, estagnação tanto mais escusada quando resultou de problemas burocráticos.
O programa, mais conhecido pelo nome de vistos gold, já trouxe para Portugal investimentos superiores a 2,2 mil milhões de euros, uma verba cuja fatia de leão tem sido canalizada para a aquisição de bens imóveis, num total que supera os 1,9 mil milhões de euros – há ouro, de novo, no imobiliário português.
China, Rússia, Brasil e África do Sul continuaram a ser, no mês de julho, os países de onde saíram mais investidores interessados em Portugal, com destaque para a China que, no mês passado, recebeu mais autorizações de residência do que a soma das autorizações concedidas a cidadãos dos três outros países.
Obviamente que esta diferença de números também está relacionada com a dimensão da população da China – o país mais populoso do mundo. Um por cento da população chinesa é um número muito superior ao da população de Portugal e bastará que meio por cento dos chineses tenham capacidade para investir no estrangeiro para estarmos a falar de muita gente.
Já tive a oportunidade de referir, neste mesmo espaço, que Portugal não é, nem nunca foi, um eldorado qualquer pelo facto de conceder autorizações de residência para investimento a que, por facilidade mediática, continuamos a chamar vistos gold. Mas não posso negar que o crescimento do setor imobiliário é indispensável para a recuperação económica do país e tem passado pelos vistos gold e pelo regime fiscal para residentes não habituais.
Este sucesso, porém, só é alcançável enquanto a nossa oferta imobiliária for de qualidade. Este sucesso também só é alcançável se mantivermos este mercado livre de bolhas e se oferecermos produtos que são boas alternativas para investidores institucionais e não institucionais, e boas soluções de vida para quem procura uma sociedade aberta, inclusiva, a preços competitivos e numa localização a vários títulos muito positiva.
Só neste contexto é que há ouro de novo no nosso imobiliário e ouro de elevada cotação. Com a consciência de que foi mau, por questões circunstanciais relacionadas com suspeitas de práticas de corrupção, diabolizar o programa de autorizações de residência para investimento, e será também mau endeusar este mesmo programa.
Mas também com a consciência de que ainda há espaço para crescer, por exemplo, no mercado do turismo residencial, que está entre nós longe dos valores que se verificam nos grandes destinos da União Europeia, com os quais, aliás, nos podemos bater em pé de igualdade.