As ligações económicas entre Portugal e o Iraque são muito “ténues” e baseiam-se sobretudo em trocas de petróleo por medicamentos e produtos alimentares.
Ao i, Ângelo Correia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, esclarece que “as relações entre os dois países, hoje em dia, são muito pequenas. O valor mais elevado tem a ver com petróleo e, mesmo assim, é uma ligação mais favorável ao Iraque do que a Portugal”.
Também a presença de empresas portuguesas naquele país quase não tem expressão. “Temos muito poucos empresários lá. E isto é fácil de explicar: deve-se principalmente à insegurança que os empresários sentem em relação a este país, que não podemos esquecer que está em guerra”, sublinha Ângelo Correia.
De acordo com os dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), não havia mais do que 25 empresas portuguesas a exportar para o Iraque há seis anos.
O número cresceu, mas continua pouco significativo. Os últimos dados disponíveis dizem respeito a 2014, altura em que o número de empresas tinha aumentado para pouco mais de 60.
“Falamos de relações que muito dificilmente vão ser diferentes. São frágeis e ténues. Até porque há pouco interesse. Até mesmo no turismo, não temos aqui nada”, garante o antigo ministro de Cavaco Silva.
Os dados da AICEP mostram que, em 2015, o produto mais procurado por Portugal no Iraque era o petróleo, mas apenas foram importados cerca de 95 milhões de euros desta matéria- -prima – um valor que “não chega a ser uma gota de água”, garante Ângelo Correia. “Esta quantidade de petróleo que vamos buscar ao Iraque não tem significado nenhum para Portugal, que vai buscar esta matéria a outros países.”
Até novembro do ano passado, Portugal pagou 4,6 mil milhões de euros por 12,7 milhões de toneladas de petróleo, de acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia.
No petróleo, Portugal está mais dependente de outros países e o Iraque é relegado para o fim da lista de fornecedores. Embora Portugal tenha começado a diminuir a dependência de Angola nesta matéria-prima, os novos mercados fornecedores são sobretudo o Gabão, México e Noruega – embora todos eles com pouco peso nas contas.
Muito embora tenha baixado o volume de compras a Angola, em 2015, este país continuou a ser um dos maiores fornecedores, assim como o Cazaquistão, Azerbaijão, Argélia e Brasil.
Há dois anos, o petróleo que vinha de Angola chegava a representar um quarto do total das importações nacionais. Estavam em causa 2,9 milhões de toneladas e 1531 milhões de euros entre os meses de janeiro e novembro de 2014.
Petróleo por Alimentos A venda de petróleo por parte do Iraque, de resto, está regulada a nível internacional. Depois da Guerra do Golfo, a ONU estabeleceu o programa Petróleo por Alimentos para permitir que o Iraque vendesse petróleo para o mercado mundial em troca de comida, medicamentos e material necessário à recuperação da sua indústria petrolífera. E é este tipo de troca que existe ainda nos dias de hoje entre Portugal e Iraque. Na lista de produtos nacionais mais exportados para o Iraque aparecem exatamente os alimentos. Em 2015 foram exportados 2,5 milhões de euros.