Automóvel do futuro chegou e veio sem condutor

Automóvel do futuro chegou e veio sem condutor


Indústria automóvel aposta em força em veículos automovidos. Ford é a primeira marca de produção em massa a dar passo decisivo nesta corrida tecnológica.


Para quem acha demasiado cansativo conduzir para o Algarve nas férias ou se aborrece com pára-arranca no trânsito, os próximos anos prometem um admirável mundo novo. Os carros completamente automovidos estão a sair do papel e a corrida já não envolve apenas empresas de nicho ou tecnológicas como a Tesla, a Google ou a Apple. Fabricantes em massa como a Ford têm planos ambiciosos para este mercado e os primeiros carros devem estar prontos dentro de cinco anos.

Hoje já existem automóveis que, em determinadas condições, podem substituir-se ao condutor. Veículos feitos pela Tesla, pela Audi ou pela BMW têm sistemas parcialmente autónomos em que um piloto automático dirige o carro através de sensores nas autoestradas, muda de faixa ou estaciona sozinho, por exemplo.

O próximo passo, em que múltiplas marcas estão a apostar, são automóveis completamente automovidos. Esta terça-feira, a Ford anunciou que irá investir nesses veículos. «Estamos dedicados a colocar na estrada um veículo autónomo que pode melhorar a segurança e resolver desafios sociais e ambientais de milhões de pessoas – não apenas daqueles que podem pagar por veículos de luxo», disse o presidente da marca, Mark Fields, citado pela Reuters.

Sem volante ou pedais Os carros serão totalmente automatizados, sem volantes ou pedais como os que existem hoje. A marca antevê que sejam utilizados sobretudo em zonas com muito trânsito. Depois de um período de testes com protótipos, a primeira fase da comercialização de viaturas está prevista para 2021, ano em que a Ford espera fornecer os carros-robô a empresas de partilha de serviços de transporte, como a Uber ou a Lyft. Depois, em 2025, é a vez de os consumidores particulares poderem aceder a veículos que não precisam de conduzir. 

Mark Fields frisou que a próxima década será «definida pela automação do automóvel» e que a mudança para viagens sem condutores representará uma revolução semelhante à que foi provocada pela criação da linha de montagem – que permitiu a produção em massa dos automóveis, há um século.

Produção em massa O passo da Ford é um avanço gigante neste conceito de carros. O esforço de investigação e desenvolvimento em carros automatizados tem sido liderado nos últimos anos por companhias tecnológicas como a Apple ou a Google, ou de nicho, como a Tesla, conhecida por fabricar carros elétricos de luxo. Ter uma fabricante de carros de massa como a Ford trará um impulso acrescido ao investimento desta área.

Neste momento, a americana Tesla é a marca mais ambiciosa em termos de prazos para disponibilizar aos consumidores particulares carros completamente automáticos. O presidente da empresa, Elon Musk, tinha anunciado no ano passado os primeiros veículos autónomos para o final de 2017, mas recentemente deu a entender que esse prazo poderia ser encurtado. «O que nós temos vai surpreender. E vai chegar mais cedo do que as pessoas pensam», disse, numa teleconferência com analistas.

No setor automóvel há quem garanta que Musk está a ser excessivamente otimista quanto à data para a introdução dos carros no mercado, até porque a recetividade dos consumidores está ainda por conhecer.

O grande problema da Tesla e de outras marcas que estão a investir nesta área são as questões de segurança. Os carros automovidos usam tecnologia de ponta para detetar os obstáculos, mas já houve incidentes.

O mais grave ocorreu em maio deste ano, quando um dos veículos elétricos da Tesla, com o piloto automático ativado, esteve envolvido num acidente. A viatura que estava em modo de autolocomoção embateu num camião que seguia em sentido contrário, enquanto o ocupante do carro via um filme. Em comunicado, a empresa explicou que «nem o piloto automático nem o condutor se aperceberam da parte lateral branca do camião, contra um céu muito iluminado, e por isso o travão não foi acionado».