Turquia. Ataque do Estado Islâmico mata 50 numa boda

Turquia. Ataque do Estado Islâmico mata 50 numa boda


Este ataque durante a celebração de um casamento afeto a pessoas do partido pró-curdo HDP foio mais mortífero atentado realizado, até agora, no ano de 2016 


A bomba rebentou numa boda, na cidade de Gaziantep, no sudeste da Turquia. Eram 22h40 num sábado de festa, nessa região do Curdistão turco. Grande parte dos 51 mortos e 69 feridos são simpatizantes do partido pró--curdo. As suspeitas do ataque vão para o Estado Islâmico. As milícias curdas sírias, iraquianas e turcas são, do ponto vista militar, um dos principais inimigos do Daesh, dada a sua capacidade operacional. Mas também são dos principais alvos do governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Talvez por isso, o governo turco, em comunicado, enquanto apontava a provável responsabilidade do massacre ao Estado Islâmico, não deixava de comparar o ataque a uma boda aos recentes ataques de militantes independentistas do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que luta pela independência dos curdos turcos] a várias esquadras de polícias e elementos das forças armadas turcas. No comunicado das autoridades turcas é dito que o provável autor do ataque suicida foi um menor com uma idade de 12 a 14 anos. Este ataque do Estado Islâmico a populares curdos na Turquia não é o primeiro. Já se realizaram alegadamente três, em anos anteriores: dois a localidades curdas e um a uma manifestação de manifestantes curdos e de extrema-esquerda em Istambul. Este tem como característica nada invejável ser o mais mortífero, até agora, no ano de 2016. 

Segundo testemunhas citadas pela CNN-Turk, o presumível autor da matança teria chegado ao casamento acompanhado de dois homens de cerca de 25 anos, que se escaparam depois de o menor ter detonado os explosivos. Em comunicado, o partido pró-curdo HDP (Partido da Democracia dos Povos) informou que os anfitriões da cerimónia eram seus militantes: “Condenamos aqueles que lançaram este ataque e as forças ideológicas por detrás dessas ações”, declarou o HDP, que não deixou de culpabilizar o governo turco pela criação de um clima de ódio contra a população curda do país, quase 20% dos habitantes da Turquia. O partido pró-curdo acusa o governo de recusar negociar a paz com os guerrilheiros do PKK, depois de há anos ter rompido o processo negocial com os guerrilheiros curdos, que tinham aceitado trocar a reivindicação de uma independência imediata por um estatuto de autonomia das regiões de maioria curda, com o respeito pela língua e cultura dessas populações.

Síria ataca curdos As coordenadas políticas da região são confusas e volúveis. Durante a guerra civil, o regime de Damasco não atacou as milícias curdas sírias, normalmente da mesma cor política que o PKK turco. Por seu lado, o governo de Ancara bombardeia regularmente essas forças, tentando evitar a formação de um território curdo autónomo na Síria que ligue ao território curdo do Iraque. Os EUA, aliados da Turquia na NATO, têm apoiado as milícias curdas no seu combate ao Estado Islâmico, mas para não hostilizarem o governo de Erdogan formaram novas forças curdas, misturadas com rebeldes sírios e apoiadas por forças especiais dos EUA no terreno. 

As tropas de Damasco passaram a atacar essas forças conjuntas da oposição com milícias curdas. O bombardeamento dessas forças levou os EUA a deslocarem aviões para o espaço aéreo sírio para impedir esses ataques.

No mesmo espaço em que evoluem aviões russos.