Ana Galvão: ‘Sou algo selvagem em viagens’

Ana Galvão: ‘Sou algo selvagem em viagens’


A sua voz segura e alegre é das coisas que mais distingue Ana Galvão.


Qual é para si o ideal de férias?

Calor, um destino de natureza, não haver horário, e estar com pessoas com quem aprecio estar. 

Que férias recorda com especial carinho e porquê? 

As férias de infância obviamente, porque as memórias vêm sempre adocicadas pela visão romântica de se ser criança. Eu vivia em Madrid e vinha passar as férias numa aldeia chamada Casal da Pinheira, em Torres Novas. Sair de uma grande cidade para ir a um pequeno sítio onde havia a liberdade de andar de bicicleta, ir a pé para tomar banho no rio a tarde toda e  poder bater à porta de todos os meus amigos a qualquer hora, parecia um sonho feito realidade. Voltei lá poucas vezes, mas esta conversa está a dar-me vontade de lá regressar este verão. 

Quais seriam as suas férias de sonho? Já conseguiu tirá-las? Diga os três locais onde mais gostou de passar férias.

Tinha duas férias de sonho e uma delas já aconteceu, em 2015: fui à Costa Rica, paraíso na América Central, com banhos de água quente, natureza selvagem e possibilidade de fazer surf em biquíni. A outra é ir ao  santuário de vida selvagem Etosha National Park, na Namíbia. Os locais que mais gostei de visitar foram Costa Rica, Gdansk (Polónia) e Açores. 

Para férias em Portugal, prefere praia, campo ou cidade? E no estrangeiro? Qual foi o local mais longe de Portugal onde já esteve de férias?

Em Portugal, prefiro sempre praia – aliás, sou muito mais pela natureza, pura e dura, seja na praia ou no campo, do que pela cidade.  No estrangeiro, também prefiro praias, mas escolho-as com campo por perto (sair do mar e estar ao lado de uma floresta com cheiro a serra ou vegetação fascina-me). Os locais mais longínquos foram sempre na América: Califórnia, Costa Rica e Brasil. Infelizmente, ainda não me aventurei pelo Oriente. 

Prefere férias só com a família ou também com amigos?

Com o mínimo de pessoas possível. Sou algo selvagem em viagens, detesto parar quando estou entusiasmada com algo. E não sou nada exigente no que toca a locais para pernoitar, desde que tenha casa de banho limpa. Se estiver numa zona prática para visitas durante o dia, fico satisfeita, sendo que também não me angustia não ter nada marcado e ir improvisando pelo caminho. 

O que decididamente não faz quando está de férias? Dispensa a internet e o tablet? E televisão?

Dispenso horários e rituais do dia a dia. Também dispenso tecnologia a maior parte do tempo e, se estou com o meu filho Pedro, mal olho para o telemóvel. Televisão ainda mais. 

Chega-lhe uma semana de férias, 15 dias seguidos ou mais?

Se estiver com o meu filho Pedro, pode ser mais de 15 dias, à vontade. Se não, mais de 10 dias já é muito para não o ver.
Se a obrigassem a ir uma semana para uma ilha deserta, indique um filme, um livro e uma música que levaria consigo.
Kill Bill (1 e 2), Piada Infinita de David Foster Wallace e a música seria o incansável ‘In My Life’ dos Beatles.

Se encontrar Cristiano Ronaldo no sítio onde passa férias, o que faz? Vai cumprimentá-lo ou fica só a olhar de longe?

Dependeria sempre do seu estado de ânimo. Se estivesse com ar de ‘se te aproximas atiro um microfone pelo ar’, olharia só de longe . Se estivesse com um ar mais sociável, não resistiria em dizer-lhe ‘olá’.

Que hobbies não dispensa em férias? E restaurante?

Ler (embora leia sempre muito menos do que penso que conseguirei). Nos restaurantes, a minha única condição é que tenham algo vegetariano, mesmo que seja só os acompanhamentos.

Leva muita ou pouca bagagem consigo? Há algum objeto que não dispense?

Levo sempre poucas coisas. Numas férias de bicicleta, fui que quem ganhou o prémio de ‘menos bagagem’, conseguindo bater todos os homens do grupo. Não tenho nenhum objeto fetiche, basta-me identificação e dinheiro. De resto, logo se vê o que há.   

Conte-nos a pior experiência de férias que já teve.

Aconteceu no Brasil, no final de ano de 1999 para 2000. Ia numa grande expectativa por finalmente ir ao Brasil, por poder usar roupa de praia numa festa de ano novo e porque era a passagem do milénio. Mas, assim que cheguei, apanhei um vírus que me enfiou na cama com 40 graus de febre e náuseas constantes, durante dois dias. Além disso, foi aí que mudei a minha alimentação radicalmente, quando um senhor num típico rodízio nos confessou que para os bifes serem molinhos tinham que dar tareias de meia-noite aos  animais antes de os abater. Isso provocou-me uma angústia tão grande que só desejei  voltar para casa e, a partir daí,  deixei de comer carne.