Horizontes largos


Este ano decidi subscrever a “Paris Review”. Há anos que adiava fazê-lo pelo tempo que uma revista daquelas exige. Mas o ser trimestral ajudou. Isso e o estar convencido de que o futuro da imprensa escrita em papel está neste tipo de publicações de menor periodicidade.


Há que estabelecer prioridades. No dia seguinte ao ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, comprei e guardei a edição do “Diário de Notícias”. Por vezes sentimos que, perante o inexplicável, precisamos de guardar algo que possamos ter mais tarde. Com a informação online, isso fará menos sentido, pois o que se sente no momento em que se compra o jornal diário não está estampado na sua primeira página, mas no nosso telemóvel.

Sendo uma revista literária, e não académica, a “Paris Review” tem a vantagem de fazer pensar; um pensar através do sentir. Algo que vamos ter cada vez mais necessidade de fazer devido à velocidade a que o mundo avança, se deteriora e caminha para uma realidade estranha que os nossos avós tão bem conheceram.

O processo de relativização das coisas em curso é uma forma de defesa. Quando era miúdo, esperava que a vida fosse um mar de estabilidade. Assim foi mas, provavelmente, dessa forma não será mais. Cheguei a uma fase em que relativizar é uma forma de embarcar naquele que será o desafio das nossas vidas. Agostinho da Silva disse-me um dia que, com o balançar do barco que é a vida, o importante é não enjoar a bordo e que, para tal, devemos manter os olhos fitos no horizonte. A ser assim, de preferência um que seja largo.


Horizontes largos


Este ano decidi subscrever a “Paris Review”. Há anos que adiava fazê-lo pelo tempo que uma revista daquelas exige. Mas o ser trimestral ajudou. Isso e o estar convencido de que o futuro da imprensa escrita em papel está neste tipo de publicações de menor periodicidade.


Há que estabelecer prioridades. No dia seguinte ao ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque, comprei e guardei a edição do “Diário de Notícias”. Por vezes sentimos que, perante o inexplicável, precisamos de guardar algo que possamos ter mais tarde. Com a informação online, isso fará menos sentido, pois o que se sente no momento em que se compra o jornal diário não está estampado na sua primeira página, mas no nosso telemóvel.

Sendo uma revista literária, e não académica, a “Paris Review” tem a vantagem de fazer pensar; um pensar através do sentir. Algo que vamos ter cada vez mais necessidade de fazer devido à velocidade a que o mundo avança, se deteriora e caminha para uma realidade estranha que os nossos avós tão bem conheceram.

O processo de relativização das coisas em curso é uma forma de defesa. Quando era miúdo, esperava que a vida fosse um mar de estabilidade. Assim foi mas, provavelmente, dessa forma não será mais. Cheguei a uma fase em que relativizar é uma forma de embarcar naquele que será o desafio das nossas vidas. Agostinho da Silva disse-me um dia que, com o balançar do barco que é a vida, o importante é não enjoar a bordo e que, para tal, devemos manter os olhos fitos no horizonte. A ser assim, de preferência um que seja largo.