Nunca na história do ténis português tinham estado dois tenistas nunsJogosOlímpicos (JO) a competir no quadro individual. Aconteceu no Brasil graças a João Sousa (36.o do ranking ATP) e Gastão Elias (60.o), que juntos rumaram à terra do samba para competir. Portugal já esteve por quatro vezes em Jogos nesta modalidade – a melhor posição foi um 17.o lugar em pares, emBarcelona 1992 e Atlanta 1996, pela dupla BernardoMota eEmanuel Couto, e quatro anos depois, o mesmo registo em Sydney, por Bernardo Mota e Nun oMarques.
A responsabilidade era muita e a pressão também para Sousa e Elias, que se conhecem bem, pois já estiveram diversas vezes juntos em campo – e foram até adversários, tal como aconteceu em julho passado, quandoElias derrotou Sousa nos quartos-de-final do torneio em Bastad –, mas o orgulho também foi com eles. “Eu e o João estamos muito contentes os dois por podermos, ao fim de tantos anos, depois de termos passado por várias etapas juntos, ter a oportunidade de competir como parceiros e representar Portugal”, disse o tenista da Lourinhã em entrevista ao i.
A “sorte” do sorteio deu destinos diferentes aos portugueses. Elias, agora atleta doSporting, foi o primeiro a entrar em campo no passado sábado. Venceu numa partida muito dura o australianoThanasi Kokkinakis (454.o) em dois sets pelos parciais de 7-6 (7-4) e 7-6 (7-3).Se a vitória do tenista lusitano não surpreendeu ninguém, Gastão conseguiu, por outro lado, dar um novo capítulo à história do ténis de Portugal: em Paris 1994, naquela que foi a primeira participação portuguesa na modalidade, Rodrigo CastroPereira foi eliminado logo na primeira ronda.
Mas Elias, talvez contente por jogar num terreno que conhece bem – o Brasil foi a sua casa durante quatro anos –, quis ultrapassar o registo de Castro Pereira.
Sousa, o melhor tenista português de sempre, não quis ficar atrás. Derrotou o holandês Robin Haase (62.o) pelos parciais de 6-1 e 7-5. “É ótimo tanto eu como o Gastão podermos fazer história no ténis.Temos vindo a jogar bem e a representar bemPortugal, penso eu”, disse o atleta no passado domingo, citado pelo“Diário de Notícias”.
Mas as surpresas não acabaram:Sousa eElias foram “obrigados” à última hora a entrar no torneio de pares, graças à desistência do alemãoPhilipp Kohlschreiber. Na primeira ronda ultrapassaram a dupla eslovaca AndrejMartin (77.o do ranking de pares) eIgor Zelenay (75.o) pelos parciais de 6-4 e 6-2. Não tiveram a mesma sorte na ronda seguinte, perdendo anteontem com os canadianos VasekPospisil (17.o) e DanielNestor (9.o) pelos parciais de 6-1 e 6-4.
No quadro individual, novo desaire, horas antes do segundo encontro de pares. Sousa quase nem teve tempo de parar quando perdeu contra JuanMartin delPotro (141.o) pelos parciais de 6-3, 1-6 e 6-3 – em dois dias disputou quatro encontros. E isso motivou-o a criticar duramente a organização deste evento.“Sinceramente, nunca tinha visto isto na minha vida.Da minha parte, se me pedirem uma nota de zero a dez, dou um”, afirmou ontem ao portal Maisfutebol.
Ontem, Elias também não conseguiu vencer Steve Johnson (22.o): perdeu pelos parciais de 6-3 e 6-4.