A brasileira Rafaela Silva sagrou-se campeã olímpica de judo na categoria de -57 kg, ao derrotar a mongol Sumiya Dorjsuren, número um do mundo.
Logo após o árbitro ter dado por terminado o combate na final e os Jogos do Rio16 perceberam o que a atleta da casa acabava de fazer, todo um país entrou em comoção.
“Treinei muito depois de Londres porque não queria repetir o sofrimento. Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para a minha família e para meu país. E agora sou campeã olímpica", desabafou Rafaela, que em criança, nascida negra na favela Cidade de Deus (comunidade retratada no filme homónimo de Fernando Meirelles), teve de enfrentar a probreza e o racismo.
Depois da derrota em Londres, por uma técnica irregular, foi alvo de muitas críticas. Agora, responde a todas, uma-a-uma.
"No Twitter diziam que o lugar do macaco era na jaula e não nas Olimpíadas, que eu era vergonha para a minha família. Tinha um comentário sobre como eu estava a gastar o dinheiro que a pessoa pagava de impostos para querer ganhar a roubar. Respondi que eu pagava impostos também. (…) Da maneira que eu perdi já tinha doído bastante. Eu estava indignada, só queria a minha família. Achei que ia ter incentivo, mas estava todo mundo a criticar-me."
Rafaela Silva, campeã do mundo em 2013, que ganhou por 'waza-ari', sobe ao pódio acompanhada por Djorsuren, medalha de prata, e pela portuguesa Telma Monteiro e a japonesa Kaori Mastumoto, campeã em Londres2012, que arrecadaram o bronze.
Agora, ao entrar na história do Brasil como a primeira judoca brasileira campeã olímpica e mundial, Rafaela mostrou-se emocionada. "A minha vida é o judo. Se não fosse o judo não sei onde estaria agora. Graças a Deus conheci o desporto e estou aqui, campeã mundial e campeã olímpica."
Os pais de Rafaela Silva, Zenilda e Luiz Carlos, conta o jornal "O Globo", saíram de autocarro da comunidade Cidade de Deus para acompanhar a vitória gloriosa da judoca na Arena Carioca 2. "Como uma mãe sabe destas coisas, antes da sequência de vitórias, a senhora Zenilda previu: "Em Londres, a gente não estava lá. Chamaram a minha filha de macaca. Agora, estamos aqui. O mundo todo chorou e hoje ela vai dar a volta por cima."