Phelps. Um torso manchado para vencer

Phelps. Um torso manchado para vencer


O que eram aquelas marcas redondas nas costas, hematomas de tamanho considerável?


Michael Phelps foi o segundo a entrar na água na final dos 4×100 metros livres. Chegou ao Centro Aquático de phones mas mesmo assim ficou impressionado com a ovação que o pavilhão lhe prestou. O atleta de 31 anos, o mais medalhado da história dos Jogos Olímpicos com 22 medalhas, ia competir para conquistar a 23.ª, a 19.ª de ouro (mais duas de prata e duas de bronze). Foi o que fez, ganhou o ouro como (quase) sempre. 

Estava descontraído quando subiu para o bloco. Aí, esperou que Caeleb Dressel terminasse a sua carreira e atirou-se. Recuperou o que Dressel tinha deixado, depois ficou de fora a assistir aos desempenhos de Ryan Held e Nathan Adrian. Gritou e puxou pela equipa.

Os quatro venceram a prova em 3m09,92s, menos 61 centésimos de segundo do que a equipa francesa, que há quatro anos tinha batido os EUA em Londres. A vingança americana estava servida. A medalha de bronze foi para a Austrália, que, num último percurso fortíssimo de Cameron McEvoy, relegou a Rússia para o quarto posto.

Cá fora, enquanto puxava pelos companheiros, foram os gritos e as costas de Phelps a chamarem as atenções. Os berros que lhe deformavam a face e as marcas redondas nas costas, hematomas de tamanho considerável, resultado de um tratamento utilizado para a melhoria física dos atletas – um processo de sucção colocado a alta temperatura na pele, “descolando-a” dos músculos, que visa aumentar a circulação sanguínea nas costas e nos ombros (segundo os atletas prepara o corpo para a atividade física e, principalmente, auxilia a recuperação muscular após um grande esforço). 

Nada impede a “Bala de Baltimore” de ganhar medalhas 

Com este ouro alcançado, Phelps estaria, se fosse um país, na 38.ª posição no quadro histórico de medalhas, à frente de países tradicionais na disputa dos jogos, como Áustria, Jamaica, México, Egito – todos com mais de 16 Jogos Olímpicos disputados. Portugal, graças à medalha de bronze de Telma Monteiro soma mais uma que o americano (24).

Com as 23 medalhas, o nadador estaria entre as 60 nações historicamente preponderantes. Se a conta abrangesse apenas o período em que o nadador participou, ficaria entre as 15 delegações mais laureadas nos últimos 12 anos, à frente de Suécia e Noruega, por exemplo.

Tanto ouro faz o nadador americano Mark Spitz e a ginasta soviética Larissa Latynina, com nove medalhas douradas, ficarem pálidos. E o finlandês Paavo Nurmi e o americano Carl Lewis, ambos do atletismo, também com nove, ficarem longe. E Phelps não se fica por aqui: há ainda as provas dos 200m mariposa, 200m estilos, 4x100m mariposa e 4x200m livres. Quem falou em acabar?