Carta à Super Bock (Porque o bom senso está bêbado)


Sabias, querida Super Bock, que a maioria dos cancros se deve a escaldões apanhados há 10 anos ou mais? Sabias que o cancro da pele tem aumentado exponencialmente?


Super Bock, sempre simpatizei contigo: fresquinha e servida numa esplanada? Maravilha! E fico muito feliz quando vejo que vens acompanhada pela tua amiga amêijoa. Se fazes bem à saúde? Sabemos que não mas tomar-te é uma decisão nossa. De qualquer forma, não é esse o motivo desta carta. Não te vou ralhar por nos tentares embebedar. A razão é outra.

Vês esta minha cara de zangada? Estou assim porque fizeste uma enorme asneira.

No entanto, antes de te dizer o que fizeste (no fundo, sei que sabes muito bem o que andas a fazer – és adulta, consciente mas estás-te a lixar para isso), deixa-me apresentar-te uma pessoa:

Emma Betts. 24 anos, australiana. Há dois anos foi diagnosticada com um melanoma em estágio quatro, após notar uma estranha marca no ombro. Tiraram-lhe o chão e disseram-lhe que era uma doente em estado terminal. Agora, antes de partir, dedica o seu precioso tempo a apelar ao bom senso das pessoas: “Por favor, utilizem protetor solar”, diz-nos, porque acha, vê lá tu, que ninguém deve morrer aos 24 anos. 

24 anos. 24 anos que estão a acabar. Ela poderia escolher usar o seu tempo de mil maneiras (a beber uma cerveja fresquinha, por exemplo!) mas decidiu que valeria a pena usar o seu exemplo para alertar os outros a realizarem pequenos gestos que  podem mudar as nossas vidas – como, por exemplo, prevenir o cancro de pele, usando (também) protetor solar (aqui fica o link do site da Emma, caso tenhas uma crise de consciência e decidas conhecê-la: http://www.dearmelanoma.com/)

Sabias, querida Super Bock, que a maioria dos cancros de pele deve-se a escaldões apanhados há dez anos ou mais? Sabias que o cancro da pele tem aumentado exponencialmente? Sabias que o melanoma é um dos tumores mais perigosos e tem a capacidade de invadir qualquer órgão, criando metástases, inclusive no cérebro e no coração? 

Eu própria, que te escrevo, nunca vou esquecer o (outro) enorme susto que apanhei – depois de assistir a uma palestra sobre prevenção do cancro (tinha participado como oradora por ser sobrevivente do cancro, linfoma, e fiquei para ouvir os outros testemunhos, além disso, tenho esta mania estranha de ouvir e falar sobre cancro todos os dias); decidi dar atenção à minha pele. Nunca lhe tinha ligado patavina. Ainda bem que decidi ficar e ouvir o testemunho de uma sobrevivente de cancro da pele, simples e poderoso que acabou por não me sair da cabeça. Graças a ele, fui por prevenção ao dermatologista e dessa consulta, resultou a marcação imediata de uma biopsia por suspeita de melanoma e retirei o sinal. Não passou de um susto e felizmente, fui a tempo. Mas a Emma não teve tanta sorte. A Emma não foi a tempo. A Emma não tem tempo.

Pois é. O cancro da pele pode ser evitado. Prevenido. 

Mas depois entras tu – com uma campanha cool, divertida, jovem, “inocente”, entras tu em grande destaque, em todas as ruas para toda a gente ver, com um design tão giro: “Escaldões Fresquinhos”, dizes-nos! Porque o verão é sinal de Super Bock, de amizade, de festa, de escaldão fresquinho! Porque escaldão é sinal de praia, de calor, de vida – não Super Bock, escaldão pode ser um sinal para a morte.

E perguntas tu: Porque haveria de me importar com o cancro de pele? Porque deveria ter a preocupação de não transmitir uma mensagem negativa, perigosa, subtil, que mina o trabalho daqueles que procuram promover a prevenção? Porque raio, têm as marcas de assumir uma atitude responsável e cívica? Porque tenho de aproveitar esta visibilidade gigante, para fazer alguma coisa que valha de facto a pena? 

Pensa assim, Super Bock (talvez te motives): 

Se formos muitos a morrer, somos poucos a comprar.

E isso não te dava jeito nenhum, pois não?

Memoriza: Escaldões Fresquinhos podem ser cancros certinhos.


Carta à Super Bock (Porque o bom senso está bêbado)


Sabias, querida Super Bock, que a maioria dos cancros se deve a escaldões apanhados há 10 anos ou mais? Sabias que o cancro da pele tem aumentado exponencialmente?


Super Bock, sempre simpatizei contigo: fresquinha e servida numa esplanada? Maravilha! E fico muito feliz quando vejo que vens acompanhada pela tua amiga amêijoa. Se fazes bem à saúde? Sabemos que não mas tomar-te é uma decisão nossa. De qualquer forma, não é esse o motivo desta carta. Não te vou ralhar por nos tentares embebedar. A razão é outra.

Vês esta minha cara de zangada? Estou assim porque fizeste uma enorme asneira.

No entanto, antes de te dizer o que fizeste (no fundo, sei que sabes muito bem o que andas a fazer – és adulta, consciente mas estás-te a lixar para isso), deixa-me apresentar-te uma pessoa:

Emma Betts. 24 anos, australiana. Há dois anos foi diagnosticada com um melanoma em estágio quatro, após notar uma estranha marca no ombro. Tiraram-lhe o chão e disseram-lhe que era uma doente em estado terminal. Agora, antes de partir, dedica o seu precioso tempo a apelar ao bom senso das pessoas: “Por favor, utilizem protetor solar”, diz-nos, porque acha, vê lá tu, que ninguém deve morrer aos 24 anos. 

24 anos. 24 anos que estão a acabar. Ela poderia escolher usar o seu tempo de mil maneiras (a beber uma cerveja fresquinha, por exemplo!) mas decidiu que valeria a pena usar o seu exemplo para alertar os outros a realizarem pequenos gestos que  podem mudar as nossas vidas – como, por exemplo, prevenir o cancro de pele, usando (também) protetor solar (aqui fica o link do site da Emma, caso tenhas uma crise de consciência e decidas conhecê-la: http://www.dearmelanoma.com/)

Sabias, querida Super Bock, que a maioria dos cancros de pele deve-se a escaldões apanhados há dez anos ou mais? Sabias que o cancro da pele tem aumentado exponencialmente? Sabias que o melanoma é um dos tumores mais perigosos e tem a capacidade de invadir qualquer órgão, criando metástases, inclusive no cérebro e no coração? 

Eu própria, que te escrevo, nunca vou esquecer o (outro) enorme susto que apanhei – depois de assistir a uma palestra sobre prevenção do cancro (tinha participado como oradora por ser sobrevivente do cancro, linfoma, e fiquei para ouvir os outros testemunhos, além disso, tenho esta mania estranha de ouvir e falar sobre cancro todos os dias); decidi dar atenção à minha pele. Nunca lhe tinha ligado patavina. Ainda bem que decidi ficar e ouvir o testemunho de uma sobrevivente de cancro da pele, simples e poderoso que acabou por não me sair da cabeça. Graças a ele, fui por prevenção ao dermatologista e dessa consulta, resultou a marcação imediata de uma biopsia por suspeita de melanoma e retirei o sinal. Não passou de um susto e felizmente, fui a tempo. Mas a Emma não teve tanta sorte. A Emma não foi a tempo. A Emma não tem tempo.

Pois é. O cancro da pele pode ser evitado. Prevenido. 

Mas depois entras tu – com uma campanha cool, divertida, jovem, “inocente”, entras tu em grande destaque, em todas as ruas para toda a gente ver, com um design tão giro: “Escaldões Fresquinhos”, dizes-nos! Porque o verão é sinal de Super Bock, de amizade, de festa, de escaldão fresquinho! Porque escaldão é sinal de praia, de calor, de vida – não Super Bock, escaldão pode ser um sinal para a morte.

E perguntas tu: Porque haveria de me importar com o cancro de pele? Porque deveria ter a preocupação de não transmitir uma mensagem negativa, perigosa, subtil, que mina o trabalho daqueles que procuram promover a prevenção? Porque raio, têm as marcas de assumir uma atitude responsável e cívica? Porque tenho de aproveitar esta visibilidade gigante, para fazer alguma coisa que valha de facto a pena? 

Pensa assim, Super Bock (talvez te motives): 

Se formos muitos a morrer, somos poucos a comprar.

E isso não te dava jeito nenhum, pois não?

Memoriza: Escaldões Fresquinhos podem ser cancros certinhos.