Quis o acaso que este texto viesse a ser escrito por alguém que, por ter pouco mais de um 150 centímetros, não pode comprovar o estudo feito por cientistas do Imperial College de Londres, onde a análise feita comprova que os portugueses cresceram 13,9 centímetros e as portuguesas 12,5 nos últimos 100 anos.
Sim, é verdade. De acordo com este estudo, as pessoas são cada vez mais altas. Em média, os homens medem agora 172,9 centímetros e as mulheres 163. Bem diferente da realidade de 1896, altura em que as mulheres mediam pouco mais de 150 centímetros e os homens mediam, em média, 158,96.
O estudo, levado a cabo por cerca de 800 cientistas, foi publicado na revista e.Life e mostra que poucos povos cresceram tanto como o português. Sendo que, em 2014, os mais baixos do mundo eram os timorenses (159,8 centímetros) e as mais baixas eram as guatemaltecas (148,4). Ainda assim, a evolução em termos de altura não deixa Portugal tão bem posicionado como se possa pensar quando a comparação é feita à escala mundial. Isto porque, apesar da evolução, continuamos a ser baixos no contexto global.
O que justifica este aumento? À margem da influência que os genes têm no tamanho das pessoas, a verdade é que a altura também é influenciada por fatores ambientais e pela qualidade da alimentação. De acordo com os cientistas, quando melhor a alimentação e o meio envolvente de uma criança, maior a probabilidade de vir a ser mais alta. Sendo que, atualmente, os mais altos são os holandeses. Já o pódio para os mais baixos conta com a presença dos asiáticos e de povos provenientes de zonas marcadas essencialmente pela pobreza e por vários conflitos.
O estudo mostra ainda que nos últimos anos há quem tenha continuado na mesma. É o caso dos norte-americanos que, nos últimos 40 anos viram a média de alturas deixar de aumentar.
Para os cientistas fica ainda confirmado que nos períodos de crise existem fatores que determinam o condicionamento do crescimento. “A altura média de algumas nações pode até estar a encolher, enquanto a de outras continua a crescer. Isto confirma que precisamos urgentemente de abordar o ambiente e a nutrição de crianças e jovens à escala global e de garantir que estamos a dar às crianças o melhor começo de vida possível”, pode ler-se no site, que divulgou o estudo.
Para a melhoria do meio ambiente é importante o desenvolvimento económico e social dos países. No caso dos países do norte, que conheceram melhorias no nível de vida mais cedo, o crescimento em termos de altura foi notório, mas agora com tendência para estagnar. Já no caso de países como Portugal, cujas condições só melhoraram mais tarde, a mudança na altura deu-se mais tarde e a verdade é que continuaram a crescer.
Em termos globais, o estudo mostra ainda que do lado das mulheres, de 1914 a 2014, as sul coreanas foram as que mais cresceram ao longos dos anos analisados. Quanto? Um média de 20 centímetros. Já no caso dos homens, os que mais se distanciaram do passado do seu país foram os iranianos, que cresceram em média 16,5 centímetros.
E em termos de qualidade de vida? Além das conclusões que já referimos, vários estudos dão ainda conta de que a altura das pessoas pode influenciar o seu dia a dia e o seu modo de vida.
Ao jornal britânico “The Guardian”, Elio Riboli, co-autor do estudo, sublinhou que “a boa notícia é que ser mais alto está associado com uma esperança média de vida maior”. Isto porque apresentam menos risco de morrer devido a doenças cardiovasculares.
Uma conclusão que vai de encontro a outros estudos que defendem que as pessoas mais altas têm uma maior esperança de vida. Mas não só. Também nos benefícios sociais há quem acredite que a altura diz muito. De acordo com estudos publicados nos últimos anos, são as pessoas mais altas quem tem a probabilidade de conseguir alcançar os salários mais elevados.
Outra conclusão: os suecos, que eram os campeões em altura, já não são os mais altos. Nem aparecem sequer entre os dez países onde os cidadãos são mais altos.