Rio 2016. Operação tamanho XS e sem armas na bagagem

Rio 2016. Operação tamanho XS e sem armas na bagagem


Dispositivo português de segurança encolheu em relação ao Euro 2016: apenas dois agentes da PSP e um militar da GNR viajam para o Brasil


A PSP e a GNR vão colaborar nas operações de segurança dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas ao contrário do que aconteceu com a “missão Euro 2016”, em França, os elementos que se preparam para viajar para o Brasil – dois agentes da PSP e um militar da GNR – vão atuar apenas como oficiais de ligação e prestar apoio técnico à organização do evento desportivo. Desta vez, as armas ficam em casa.

Barão Mendes já conta “alguns” anos de experiência a acompanhar, edição após edição, a Volta a Portugal. No ano passado, o coronel da Unidade Nacional de Trânsito da GNR recebeu em Portugal elementos da Polícia Rodoviária Federal brasileira. Vieram a Portugal para perceber, no terreno, como se organiza uma operação com a dimensão desta prova de ciclismo.

Percorreram algumas etapas, fizeram perguntas, tiraram muitos apontamentos e outras tantas fotos e voltaram para casa com um verdadeiro manual nas mãos. Durante o último ano estiveram a estudar a lição e, agora, tudo o que aprenderam com a GNR vai ser posto em prática nas provas de ciclismo que integram o calendário de provas dos Jogos Olímpicos (JO). “No Brasil não há tradição deste tipo de provas, como a Volta a Portugal, e os sistemas de segurança que montamos em Portugal, como no resto da Europa, são muito eficazes”, refere o coronel da GNR, com 22 anos de experiência no currículo.

É a primeira vez que sai do país para dar um contributo deste género, mas garante que está “sereno” em relação ao que poderá encontrar no Brasil. Mesmo as notícias sobre a ameaça terrorista (na semana passada foram detidos elementos de um grupo que se preparava para realizar um ataque durante os JO) não preocupam o militar. As questões de segurança “são responsabilidade da organização”, diz. 

A partida está marcada para dia 1 de agosto e só no dia 11, quando todas as provas de ciclismo estiverem concluídas, Barão Mendes volta a Portugal. Quando chegar ao Brasil já estarão a postos as equipas de motos e carros que vão garantir a segurança das provas. Depois de conhecer os futuros colegas de estrada, o coronel vai dedicar–se às questões técnicas e “fazer as correções que houver a fazer”. Uma coisa é certa: a arma que usa nas missões em Portugal não vai chegar a embarcar no avião rumo ao Rio de Janeiro.  

Operações mais discretas Durante o Euro 2016, em França, a comitiva de elementos de segurança que acompanhou em permanência a seleção nacional teve uma presença visível – inclusive com autorização para disparar em certos cenários.  O Rio 2016 vai ser em (quase) tudo diferente do Euro.

A orientação ficou clara desde o primeiro momento: fardas, sim – e as semelhanças com a operação de Paris ficam por aqui; armas não vão ser necessárias, podem deixá-las em casa.

Rui Cruz parte no domingo, mas a operação junto da comitiva de atletas portugueses já começou há algumas semanas, com um briefing sobre as medidas de segurança a cumprir. 

A estadia dos elementos da PSP é mais longa que a do militar da GNR (o subcomissário só volta a 24 de agosto), mas também é mais resguardada. Os dois subcomissários da PSP que vão participar na operação de segurança dos JO estarão em permanência no Centro de Cooperação Policial Internacional, em Brasília (o espaço que já serviu para a operação do Mundial de Futebol de 2014 e onde ficam concentrados os elementos das forças de segurança a operar dos vários países envolvidos no evento  desportivo).

Mas mesmo a quase 1200 quilómetros de distância da cidade olímpica, Rui Cruz acredita que a intervenção da PSP na prova vai ser importante. “Vamos funcionar como elo de ligação com a polícia brasileira”, conta o subcomissário. Se houver um cidadão português em apuros no Rio, os agentes podem servir de ponte com as autoridades brasileiras. Se o caso for ao contrário e um português for identificado como suspeito de estar envolvido em distúrbios, também vão prestar apoio à polícia brasileira para identificar a pessoa em questão.

Os dois elementos destacados vão estar em Brasília, sobretudo para “recolher e partilhar informação”. Os três elementos das forças de segurança vão integrar um dispositivo de cerca de 90 mil elementos, entre polícias, militares e bombeiros dedicados aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. No caso dos elementos da PSP, a estada está garantida na Escola Nacional de Administração Pública do Brasil, a um pulo do Palácio do Planalto.