O eclipse


O quadro conjuntural apresenta--se denso, complexo e pesado. Podia não ser assim se nada tivesse sido como foi, e afinal tudo poderia não ter sido como foi, mas não, tudo foi como foi e assim estamos nós. 


E depois, como será daqui por diante? Primeiro é necessário saber como chegámos àquilo que poderia ter sido outra coisa e não foi… e depois descobrir o que é que foi afinal. Ou seja, há de facto hipóteses que poderiam facilitar a caracterização desse quadro “denso, complexo e pesado”, mas a tarefa é árdua, convenhamos, porque certo é que o tempo muda inexoravelmente as circunstâncias, embora também seja verdade que há tempos em que as circunstâncias se repetem, o que em nada facilita a leitura do quadro. Não há certezas, só há pistas e hipóteses que nunca são definitivas. Nada é definitivo, aliás, e essa é que é a verdade, etcétera e tal, e assim por diante. Concluindo: assim se constrói um parágrafo inteiro sem ter ponta por onde se lhe pegue. 

Não faltam exemplos destes todos os dias, basta ler e está tudo mais ou menos assim, redondinho e oco. Quando não se tem nada de novo para dizer e se tem de dizer alguma coisa, o melhor mesmo é dizer-se tudo com veemência e sem que se diga nada de coisa alguma. O exercício até pode ser divertido para quem o pratique, mas torna–se penoso para o leitor (ainda) atento. Creio que o problema se resolverá com as férias, e talvez esta generalizada crise da palavra se deva apenas a um enorme cansaço. Mas fica o alerta: nada de exageros, já que está bem provado que, mesmo em férias, há que andar com a visão periférica bem afinada. Essa é que é essa.


O eclipse


O quadro conjuntural apresenta--se denso, complexo e pesado. Podia não ser assim se nada tivesse sido como foi, e afinal tudo poderia não ter sido como foi, mas não, tudo foi como foi e assim estamos nós. 


E depois, como será daqui por diante? Primeiro é necessário saber como chegámos àquilo que poderia ter sido outra coisa e não foi… e depois descobrir o que é que foi afinal. Ou seja, há de facto hipóteses que poderiam facilitar a caracterização desse quadro “denso, complexo e pesado”, mas a tarefa é árdua, convenhamos, porque certo é que o tempo muda inexoravelmente as circunstâncias, embora também seja verdade que há tempos em que as circunstâncias se repetem, o que em nada facilita a leitura do quadro. Não há certezas, só há pistas e hipóteses que nunca são definitivas. Nada é definitivo, aliás, e essa é que é a verdade, etcétera e tal, e assim por diante. Concluindo: assim se constrói um parágrafo inteiro sem ter ponta por onde se lhe pegue. 

Não faltam exemplos destes todos os dias, basta ler e está tudo mais ou menos assim, redondinho e oco. Quando não se tem nada de novo para dizer e se tem de dizer alguma coisa, o melhor mesmo é dizer-se tudo com veemência e sem que se diga nada de coisa alguma. O exercício até pode ser divertido para quem o pratique, mas torna–se penoso para o leitor (ainda) atento. Creio que o problema se resolverá com as férias, e talvez esta generalizada crise da palavra se deva apenas a um enorme cansaço. Mas fica o alerta: nada de exageros, já que está bem provado que, mesmo em férias, há que andar com a visão periférica bem afinada. Essa é que é essa.