GNR. Alto e pára o baile

GNR. Alto e pára o baile


O Pavilhão de Portugal veio receber “Psicopátria”, 30 anos depois de ser lançado. Não esteve cheio mas quem ouviu os GNR agradeceu a um Rui Reininho  que continua sem desiludir. Porquê? Basta olhar para o nome da pala para perceber do que estamos a falar.


Começar um texto sobre GNR com Kendrick Lamar é natural. Guardem-se as armas e substâncias passíveis de criar efeitos alucinogéneos porque "Psicopátria", o álbum da banda portuguesa que celebra 30 anos em 2016, visitou um Super Bock Super Rock ainda sóbrio  para nos avisar que a história tem um peso: pelo menos aquela que é cantada pela voz de Rui Reininho.

E que dizer deste senhor. Esteve pouca gente, maior parte a divertir-se noutros palcos, mas Reininho, que dança como se tivesse 20 anos e fala francês como se comesse croissants todos os dias, não quer saber disso para nada. "Efectivamente" – as gentes dos anos 80 bem queriam que o tempo voltasse para trás através desta música – é quem nos manda parar. Não há nada a fazer, o palco EDP é dos GNR e é preciso respeitar. 

Houve "Nova Gente", houve "Choque Frontal" e tantas outras do álbum que marcou toda uma geração – menos quem nasceu quatro anos depois, os anos 90 têm um quê de desilusão, infelizmente. "Conduzam devagarinho, já vão ver os niggas e os mother fuckers", chutou o vocalista com a sua graça sempre mordaz. Caro leitor, poderá dizer-se mil e uma coisas sobre GNR, mas 1986 teve aqui o seu merecido espaço. O baile não parou como se esperava, a idade sim não perdoa, mas enquanto houver energia, não há polícia que pare Rui Reininho e companhia.

 "Nós somos uma banda nova, não temos mais músicas", afirmou Reininho, cheio de ironia,  já os fãs de Lamar se alinhavam no Pavilhão Atlântico. Quem é que fica indiferente a isto?