Não foi em português que balbuciaram as primeiras palavras. E só se cruzaram com a língua de Camões mais tarde – porque imigraram para Portugal, por exemplo. Mas, na hora de serem avaliados a Português, os alunos estrangeiros do 3.º ciclo do ensino básico (que realizaram a prova de português como língua não materna) saem-se melhor na fotografia que os colegas portugueses.
É certo que o número de provas realizadas por uns e por outros é bastante diferente. Segundo dados do Ministério da Educação (ME), dos 181 713 exames nacionais realizados pelos alunos de 3.ª ciclo, cerca de metade correspondeu a provas de Português. E, dessas, apenas 0,02% foram de alunos que têm no português uma segunda língua (351 alunos, em concreto).
Para estes, a taxa de reprovação foi de 6% (mesmo assim, subiu quatro pontos em relação a 2015) na prova A e de 5% na B.Ao passo que no exame de português como primeira língua, os alunos portugueses tiveram uma reprovação de 8%, com uma recuperação de dois pontos face aos resultados do ano passado.
Quanto a médias finais, os alunos de Português como Língua Não Materna obtiveram 60 valores em 100 possíveis (menos quatro décimas que no último ano), em comparação com os 57 valores dos alunos de Português (que também baixaram a média, mas apenas em uma décima).
Um terço no vermelho No caso da Matemática, as contas são outras. Porque, se a Português, mesmo com pequenos deslizes, as notas ainda andam pela positiva, na disciplina dos números e das contas os alunos voltam a não conseguir subir para as prestações positivas.
A média final fixou-se, este ano, nos 47 pontos – menos uma décima que em 2015, com cerca de menos 4000 provas realizadas a esta disciplina. Abaixo deste valor, só mesmo em 2013, quando o mínimo histórico se tinha fixado nos 43 pontos.
Olhando para os resultados divulgados pelo ministério, um em cada três alunos chumbou a Matemática (registaram-se 34% de negas, dois pontos acima da avaliação anterior.
Ministério satisfeito Apesar de a média de Português continuar muito próximo do limite mínimo e de Matemática ainda não satisfazer, o ME vê o copo meio cheio: “Relativamente às taxas de reprovação salienta-se uma certa estabilidade relativamente ao ano de 2014, tanto na disciplina de Português, como na de Matemática, sendo que se verifica uma diminuição de dois pontos percentuais no caso de Português e um aumento de dois pontos percentuais, relativamente a Matemática.”
“Na prova de Português”, prossegue o ME, “observou-se que cerca de 73% dos alunos obtiveram uma classificação igual ou superior a 50%, sendo que, na prova de Matemática, cerca de metade dos alunos obtiveram classificação igual ou superior a 50%”.
O ministério partilha outro balanço, só possível de fazer depois de as provas nacionais terem sido realizadas e avaliadas pelos mais de 4000 mil docentes envolvidos na prova – uma balanço que diz respeito à coerência verificada entre a prestação dos alunos em contexto interno (as avaliações feitas escola a escola) e as provas comuns a todos os alunos do 3.º ciclo. Diz o ministério de Tiago Brandão Rodrigues que, nos resultados agora divulgados, “verificam-se correlações positivas bastante acentuadas entre as classificações internas atribuídas pelas escolas e as classificações obtidas pelos alunos nas provas finais de Português e de Matemática” de, “respetivamente, de 0,59 e 0,79, muito semelhante ao ano transato”.