O país político está dividido entre os que desejam que isto corra bem e os que desejam que isto corra mal, independentemente do estrito espetro partidário. Há gente à “esquerda” que não deseja que isto corra bem, há gente à “direita” que parece desejá-lo, e a verdade é que a maioria dos portugueses não se sentem mal. A boa notícia é que, ao fim de quatro décadas, se dissipou de vez o velho preconceito do “arco governamental”, muito por obra e graça da ação política do governo anterior, agora acantonado numa oposição lutuosa que nada acrescenta, visivelmente cansada e ressentida. Mas também muito por mérito do governo e da maioria que o sustenta, com trabalho feito, responsável, e em boa cooperação institucional, no parlamento e em Belém. O papão, afinal, não papou e a política pode fazer-se de outra maneira.
A má notícia foi o Brexit e será por aí que tudo pode vir a correr mal, no contexto de uma UE assente numa lógica errada, incompetente, que a divide e enfraquece, acossada agora pelo populismo maniqueísta dos nacionalismos. Da Grã-Bretanha, já sabemos que se o referendo fosse hoje, o resultado seria o contrário. Talvez por isso fosse mais sensato e prudente avaliar bem as condições reais destes plebiscitos. Tal como deveria ser discutido e projetado um rumo diferente para a Europa, mais igual, mais coeso e mais profícuo nas consequências. Uma UE muito mais substantiva do que esta aflitiva aparência de centro de estágios do Goldman Sachs. E isto não é “mesquinhez”, dr. Passos Coelho, o problema não é o seu amigo político, como muito bem sabe.
Escreve à terça-feira