A Bloomberg fez um perfil da presidente do CDS e garante que Assunção Cristas está a ofuscar Passos Coelho. O artigo da agência de informação norte-americana foi recebido com satisfação pelos centristas. O PSD garante que a realidade é outra.
Cristas “está a assumir o lugar de líder da oposição” em Portugal e “a eclipsar o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho”, diz a Bloomberg, salientando que o presidente do PSD tem assumido um papel mais discreto, “constrangido” por ter comandado um governo que impôs austeridade.
Assunção Cristas é líder do CDS há quase seis meses e muitas vezes conseguiu marcar a agenda política. Os sociais--democratas não aceitam, no entanto, a tese de que Cristas está a ofuscar Passos. “Esse artigo não tem o mínimo de aderência à realidade”, diz ao i o deputado e presidente da distrital do Porto do PSD Virgílio Macedo.
O social-democrata diz que “o espaço dos dois partidos está bem definido, o PSD como partido mais ao centro e o CDS como partido mais à direita”.
O deputado do PSD admite que há diferenças na forma de estar dos dois partidos, que até há pouco tempo estiveram coligados no governo, e que “Passos Coelho tem responsabilidades adicionais porque foi primeiro-ministro, enquanto Assunção Cristas foi meramente ministra”. Mas “cada partido tem sabido ocupar o seu espaço ideológico da forma mais apropriada. O PSD está a deixar o PS governar e tem feito os avisos que julga serem importantes relativamente ao caminho que estamos a seguir”.
Não é a primeira vez que Passos é confrontado com a crítica de que está a ser ultrapassado pelo CDS. Marques Mendes, ex-líder do partido, defendeu em maio que o CDS tem liderado a oposição porque consegue ter mais iniciativa política, enquanto o PSD está “permanentemente à defesa, sem chama e sem ideia de futuro”. Mendes alertou, no seu espaço de comentário na SIC, que o PSD tem desvalorizado Assunção Cristas, mas “faz mal”.
Separados PSD e CDS concorreram coligados nas últimas eleições, em 2015, mas Cristas fez questão de afastar – mesmo antes de chegar à liderança – a possibilidade de uma aliança pré-eleitoral nas próximas legislativas. “Ganhamos em ir separados, o centro-direita deve afirmar-se, e quanto mais crescermos enquanto partido mais teremos capacidade para ser uma alternativa robusta”, disse, no final de fevereiro, a então candidata à presidência do partido.
Em entrevista ao i, em Abril, Cristas defendeu que “os dois partidos têm o desafio de crescer e, se formos ver a história, tivemos melhores resultados quando os partidos concorreram separadamente”.
O que é importante, acrescentou a líder dos centristas, “é explicar às pessoas que podem votar no CDS, que já não há o constrangimento do voto útil. Que os dois partidos podem até ficar atrás do PS mas, se tiverem juntos 116 deputados, somos nós que governamos”.