Só os britânicos conseguem competir com os portugueses na hora de escolher as praias algarvias como principal destino turístico de verão – mas, ao contrário do habitual, este ano perdem a corrida para os “da casa”. E esse “escorrega” até sul obriga a um reforço das operações de segurança. “Uma das razões pelas quais temos vindo a registar um aumento significativo da procura tem que ver com a instabilidade que a concorrência atravessa. Por isso, a segurança é o fator mais determinante e decisivo” na escolha do destino, confirma Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. Leu instabilidade? Leia terrorismo.
(Quase) todo o terreno para cobrir
Até ver, Portugal está a salvo dessa ameaça. Mas há perigos que continuam a justificar uma concentração de esforços das forças de segurança na franja sul do país. “Reforço de meios” é a expressão rainha e, desde ontem, a GNR tem destacados mais 200 elementos no Algarve, quase metade dos quais vindos do Centro de Formação de Portalegre para fazer a sua fase prática da formação no terreno.
Para os militares, que garantem a segurança em mais de 97% do território algarvio, as maiores preocupações estão nas zonas de Quarteira, Vilamoura e Albufeira. “Embora tenhamos uma preocupação maior nas zonas de grande concentração de pessoas, não deixamos de dar resposta às restantes áreas”, salvaguarda o major Marco Cruz.
Se passar por uma patrulha de bicicleta ou por militares a cavalo, não estranhe: as equipas vão ser reforçadas para garantir que estão “visíveis”. O fator psicológico também conta e há que garantir aos turistas e aos operadores que os militares estão lá para o que der e vier. Este ano, a GNR volta a contar com a colaboração de elementos de polícias estrangeiras – a Guardia Civil está confirmada, da Gendarmerie francesa espera-se confirmação. Ao todo, haverá mais 200 homens no Algarve durante os “meses quentes”.
As dores de cabeça O verão de 2016 é sinónimo de recuperação para o setor hoteleiro. Ao i, a presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Cristina Siza Vieira, refere que “este ano há registo de uma melhor taxa de ocupação que em 2015”, ano em que os resultados até já tinham sido positivos.
Daí até a PSP reforçar a segurança a sul é um instante. “Nesta senda, e atendendo a que a PSP reconhece que o turismo assume uma importância estratégica na economia do país e que a criminalidade é um fator de significativa importância na escolha de um qualquer destino, sedimentámos o compromisso de reforçar a segurança e o apoio prestado a turistas que visitam a região, bem como o subjetivo sentimento de segurança percecionado”, refere fonte oficial.
Nos próximos dois meses, além das bicicletas – a PSP também aposta nesta modalidade que garante maior proximidade com os banhistas -, os agentes vão estar em peso no Algarve. Sobretudo em Tavira e Portimão, com 28 equipas do Corpo de Intervenção, que se juntam às quatro de serviço permanente em Faro (com oito a dez elementos por equipa), entre as quais há patrulhas com cães.
A PSP também terá quatro equipas em duas rodas preparadas para a “resposta rápida”.
Objetivo? Aumentar “a visibilidade” em locais como o aeroporto de Faro, as praias, os espaços de diversão noturna, centros históricos, comércio e terminais de transportes, entre outros locais. A noite de Portimão é, em regra, a dor de cabeça para a PSP. Turistas mais jovens, com menos dinheiro e maior propensão para provocar alguns distúrbios fazem parte do cocktail. De dia, a grande preocupação são os carteiristas.Para responder aos vários desafios, a “PSP contemplou ainda, na aludida Diretiva Operacional, missões específicas para as suas estruturas de Investigação Criminal, Segurança Privada, Armas e Explosivos e Policiamento de Proximidade, face ao evidente acréscimo de pessoas e bens, eventos e fenómenos criminais específicos”.