Quando Scott Bolton deu a confirmação em voz alta, a sala saltou em extase. “Estamos lá! Estamos em órbita! Conquistámos Júpiter”, disse o coordenador da missão espacial norte-americana esta madrugada. Percebe-se melhor a descompressão se dissermos que alcançar a órbita de Júpiter foi o momento mais crítico de uma odisseia que começou há cinco anos.
5 de agosto de 2011, o dia em que a sonda Juno foi lançada para a atmosfera. Mas esperar cinco anos para completar a longa travessia do deserto espacial? Para quê? Charlie Bolden, administrador da NASA, explica: “Com a Juno, vamos investigar o que desconhecemos sobre os enormes anéis de radiação de Júpiter para investigar profundamente não apenas o interior do planeta mas também a forma como o planeta nasceu e como todo o nosso sistema solar evoluiu.”
A última fase desta viagem demorou 35 minutos. Jogava-se o tudo ou nada. Um passo em falso e os últimos cinco anos de trabalho teriam chegado ao fim sem o touchdown (apenas no sentido literário, entenda-se, porque a sonda não tocou na superfície do planeta). Ainda antes das cinco da manhã, assim que os primeiros sinais foram enviados pela sonda a partir da órbita de Júpiter, a equipa do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA dava o tal salto da cadeira.
Às voltas – como se da hélice de uma ventoinha eólica se tratasse – a sonda espacial Juno aproximou-se de Júpiter até conseguir ficar-se na sua órbita, juntamente com outras partículas que giram à volta do gigantesco planeta. De foma teatral, na conferência de imprensa que deu depois de a missão alcançar o objetivo com sucesso, Rick Nybakken, o gestor do projeto Juno, pegou num pequeno molho de folha e disse ao auditório: “Tinhamos um plano de contingência”, para o caso de a missão não correr como esperado. “E sabem que mais?”. As folhas acabaram rasgadas em quatro partes.
Success! Engine burn complete. #Juno is now orbiting #Jupiter, poised to unlock the planet's secrets. https://t.co/YFsOJ9YYb5
— NASA (@NASA) July 5, 2016